Filhos e emoções

Quer ter emoção na vida? Tenha um filho. “Barato” melhor que esse, pode crer, não existe. E começa logo cedo, com a notícia da sua vinda. Nessa fase, a emoção maior depende da circunstância dessa chegada. Era esperado? É um tipo de emoção. Foi um descuido? Aí a adrenalina vai lá pra cima. E até que tudo se resolva e todos fiquem sabendo, vai ter muito coração pulando. À medida que vai se formando, mais emoção: é hora de saber o sexo. Junta todo mundo para um passeio na sala apertada do doutor que vai fazer a ultrassonografia. E aí vem o primeiro capricho do rebento: Talvez, por recato precoce, o danadinho ou a danadinha cisma de cruzar a perna e não permite que se dê uma espiadinha pra saber o que há lá por baixo. Tem nada não, guarda-se a emoção da descoberta para a próxima visita médica. Agora sim, o médico aponta algo, que só ele consegue distinguir, que indica o sexo. Era menino, o esperado? A emoção vai a mil. Até a camisa do time do coração já está comprada, esperando o novo torcedor. Agora é só sair e ligar pra todo mundo avisando que o rebento é um macho. Ih... foi menina! Não era bem o esperado? Não tem problema, as meninas também gostam de futebol e até, pasmem, da tal MMA. Vai ser companhia do mesmo jeito. E ainda vem um próximo por aí.

Chegou o dia do nascimento. Quer emoção maior do que ouvir aquele choro que irá lhe acompanhar por muitas e muitas noites? Agora as noites em claro não serão mais por conta das baladas. As danças, essas continuarão. O que muda agora é o ritmo, que deve ser mais cadenciado, para que a criança durma. Quer emoção maior do que ver aquele pedacinho de gente dormindo e, por vezes, até sorrindo, como se estivesse querendo lhe fazer um agrado, por fazê-lo dormir? Tem a emoção da primeira palavra. Apesar da companhia da mãe quase 24 horas por dia, caprichosamente o que sai primeiro é o “pá, pá...”. E vamos encher o mundo com isso. Twitter, Facebook, Instagram, tudo que é de rede social vai ter que dividir essa emoção.

E aí começa a surgir uma enxurrada de “primeira vez”, com a sua consequente emoção. Primeiro dente, primeiro aniversário, primeiro dia na escola, e por aí vai. É claro que essa criança vai crescer. Sendo menina, com certeza vem uma emoção que dará uma dor no peito: a do primeiro namorado. Diferentemente da alegria da primeira namorada do filho, já que essa não vem acompanhada da sensação de que está sendo traído.

Mas tem também o primeiro contato deles com as drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas. Aí o coração aperta e traz consigo a velha e conhecida frase: onde foi que eu errei? Felizmente, para muitos essa fase passa, ficando só a lembrança, como lição.

O interessante é que eles vão crescendo, você vai envelhecendo, mas essas emoções não param. Um dia eles vão lhe dar netos. Já pensou em emoção maior? Aquele pedacinho de gente lhe chamando de “vô”, é de derrubar qualquer um.

Mas há algumas emoções que os pais deveriam ser poupados. As notícias trágicas, por exemplo, que invertem a ordem das coisas, e fazem com que os pais enterrem os seus filhos. Nenhum pai ou mãe deveria passar por isso. Algumas doenças, também, jamais deveriam acometer os filhos. Mas a vida é assim: tenha você 60, 70, 80 ou 90 anos, se tiver filhos vai continuar se emocionando. Porque filho, amigo, é emoção pra toda a vida.

Fleal
Enviado por Fleal em 10/08/2021
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