Influente desagradável

Desagradável. Como era desagradável! Destes que encurtam uma história só para chatear um pouco. Mal educado, hipócrita, viçoso. E quantas feridas! Chegava a dar nojo. Mas, puxa, era importante! “Dê-lhe um aperto de mão”. E eu nem ligava. Não queria saber se ele poderia me arranjar um lugar. Nem me importava o fato de ser influente. Ele caçoava das pessoas. Ele as fazia de bobas. E eu tenho raiva dele! É tão inoportuno! Deve pesar uns cento e trinta quilos. Dá pra notar as estrias, aqueles caminhos brancos que levam... Sei lá até onde! E os cabelos? Como podem ser compridos?! E ele ainda passa as mãos, tentando arrumá-los. Mas piora! Será que não percebe como são feios? Daí ele olha para o lado e dá uma piscadinha, debochando. E todos o satisfazem: “rá, rá, rá!”. Então limpa o suor. Mas não, ele é importante! “Sente-se bem pertinho dele da próxima vez”! E eu não agüento nem o cheiro dele! Cheiro de coisa podre! Ele tira os sapatos, coça do dedos, nem se importando se estaria incomodando o seu tremendo chulé de três dias sem banho! Hálito de leão, dentes amarelados. Se eu pudesse, o expulsava daqui! Mas não me deixam... “Ele é importante”.

Milena Verri
Enviado por Milena Verri em 10/11/2007
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