Neuroses contemporâneas
De manhã, ainda bem cedo, da sacada do meu apartamento, eu assistia a uma grande confusão.
Pedestres tão apressados, que chegavam a provocar riscos de acidentes entre eles, atropelando-se uns aos outros. As calçadas deixavam a condição de passarela e transformavam-se em vias de mão dupla. Pior ainda: sem a devida sinalização de trânsito. Ufa! Hahaha!
Na via pública, propriamente dita, engarrafamentos de veículos provocavam buzinações e xingamentos de toda ordem, ou seja: "de toda a desordem". Roubavam a atenção dos desavisados, num cenário caótico e ao mesmo tempo cômico.
Simultaneamente a esse quadro, vinha, não sei de onde, uma sinfonia bem leve e suave, funcionando como fundo musical, que, em consonância com a brisa amiga, envolvia aquele aspecto psicosférico; pelo que, a partir daí, o trânsito passava a fluir naturalmente.
Diante daquele contraste comportamental, passei a meditar, com os meus botões, sobre as neuroses contemporâneas, aparentemente tão enraizadas na convivência humana.