Neuroses contemporâneas

De manhã, ainda bem cedo, da sacada do meu apartamento, eu assistia a uma grande confusão.

Pedestres tão apressados, que chegavam a provocar riscos de acidentes entre eles, atropelando-se uns aos outros. As calçadas deixavam a condição de passarela e transformavam-se em vias de mão dupla. Pior ainda: sem a devida sinalização de trânsito. Ufa! Hahaha!

Na via pública, propriamente dita, engarrafamentos de veículos provocavam buzinações e xingamentos de toda ordem, ou seja: "de toda a desordem". Roubavam a atenção dos desavisados, num cenário caótico e ao mesmo tempo cômico.

Simultaneamente a esse quadro, vinha, não sei de onde, uma sinfonia bem leve e suave, funcionando como fundo musical, que, em consonância com a brisa amiga, envolvia aquele aspecto psicosférico; pelo que, a partir daí, o trânsito passava a fluir naturalmente.

Diante daquele contraste comportamental, passei a meditar, com os meus botões, sobre as neuroses contemporâneas, aparentemente tão enraizadas na convivência humana.

Yé Gonçalves
Enviado por Yé Gonçalves em 17/09/2021
Reeditado em 17/09/2021
Código do texto: T7344518
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