Segue o jogo










Ultimamente tenho dado instruções aos neurônios-espelho, vai que cola…

 

Fiquei surpreso com a informação de que a terapeuta e escritora Virginia Satir foi convidada para integrar o Conselho Internacional de Anciãos, isso em 1986. Veja, Virginia nasceu em 1916. Na década de 70 ela estava na Califórnia a todo vapor. O Conselho de Anciãos se reunia de tempos em tempos com os ganhadores do Prêmio Nobel da Paz.

 

Com essa nossa atualidade que só consegue formular 5 pensamentos, se tanto, que se repetem há décadas, notícias desta categoria parecem provindas de outra galáxia. Mesmo que o esteio da vasta obra da senhora Satir tenha sido codificado como "Tornar-se mais plenamente humano”, creio que neurônios-espelho ainda ainda não estavam na pauta científica, mas aposto 5 dólares hondurenhos que ela concordaria com o raciocínio: Quando você convence o corpo de que a cura está ocorrendo, ele acredita tão completamente que cura a si mesmo.

 

Fim do ano se aproxima, eita ano de difícil catalogação, quem ainda não entendeu que todo ser humano na Terra está imerso em uma crise evolucionária de algum nível, bom, um dia vai entender, espera-se.

 

Enquanto isso, a relativa facúndia de alguns, para não dizer incontinência verbal crônica, chicoteia os ouvidos e a paciência de quem busca algum silêncio na babel cuja pressão aumenta, segundo a segundo, para não dizer nanosegundos.

 

Vi uma piadinha honesta, de um seriado do tempo dos meus avós. Ele, patrão, atormentado por questões sentimentais, volta-se para sua assistente, mulher na casa dos 30, independente, e pergunta que argumentos ela usa para se desvencilhar de um relacionamento incômodo. Muito cândida, sorrindo, ela responde:

 

- Digo assim, eu te amo e quero ter um filho seu.

 

Algumas pessoas, as que têm microfone, (lembrando que uma sociedade decadente gera o êxito do medíocre), ainda chamam de criatividade um cômicozinho de quinta categoria ensejar um Jesus usando saias, fumando baseado e trajando camiseta do K. Marx. Wow. Os rouges que não são rosas, que tanta imprecisão lançaram nos semelhantes, começam a perder força. E La Vie En Rose, digo o conceito, ganha lugar no firmamento. Édith Piaf e Louis Guglielmi lançaram a canção em 1947. Sucesso mundial.

 

Vez por outra rumino nas certezas que por ventura tenham rodeado a pequena Edith. Vivia em um bordel, educada por prostitutas, cega por conta de uma queratite, as filles de joie levaram-na a Lisieux, pedindo a intercessão da monja, e ali, no túmulo da Florzinha, uma menina abandonada pelos pais foi curada pela carmelita que falava de anjos de açúcar e corderinhos de papel machê. Biógrafos comentam que Piaf, antes de cada apresentação, fazia uma prece pedindo a intercessão da santa: Teresa, agora eu canto para ti.

 

Eis aí uma certeza.

 

Gustaf Schnürer, historiador suíço, ensina que se Jesus não veio encarnado na forma de um governante poderoso, nem de um sábio ou filósofo, nem de um artista de gênio, foi para nos mostrar que há algo que é superior à totalidade da civilização. Pérola fornecida pelo Professor Olavo.

 

Civilização jamais será essa coisinha pasteurizada, robotizada, coletivizada, (começam a falar num Imposto Único Global, fala sério, esses caras ingerem alguma substância...), enfim, uma boa alternativa está na metáfora de um bando de pássaros que jamais compartilha opiniões uns dos outros sobre para onde migrar.

 

 

Cada um segue a sua bússola interna.

 


(Imagem: Detalhe de um cachecol bordado indiano. Fotografia de Des Brambley)


(http://www.bernardgontier.com)

Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 07/11/2021
Reeditado em 31/01/2022
Código do texto: T7380372
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