O divisor de águas chegou para a primavera

A primavera é uma fase de transição. Talvez. Podemos preparar o novo ciclo que representa a renovação e o crescimento. Estamos entre o quente e o frio. Nesse embalo fiquei. Dizem que o período do ressurgimento chega quando plantares as sementes e regar os jardins para o renascimento.

A primavera é a estação do despertar. Às vezes é necessário enxergarmos através de uma fábula. Embora, a vida nos leva ao mundo concreto. O real é vivo. Por hora rompemos com os velhos padrões. Mantemos o que importa. É necessário o equilíbrio entre a força do interior que é nosso e de uma força maior e coletiva que é de todos. Vale dizer: todos precisam da humanidade; a humanidade precisa de mim. Sabe aquele prevérbio africano: “se quiser ir rápido, vá sozinho. Se quiser ir longe, vá em grupo!”. Lutamos junto. Precisamos ir à direção dessa verdade.

Qual é a fome?

Impossível saber

O que está do outro lado?

Não posso responder

Por você.

O silêncio é um muro!

Muros dividem.

O silêncio é uma pedra?

As pedras se tornam muros.

Um segredo para as mulheres. Temos que ser a nossa mulher das nossas vidas, decidida, madura e “livre”. A força interna é primordial. Aprendi com a filosofia materialista. Contudo, a liberdade da mulher precisa de uma condição histórica e material. Não. Não é em uma macha das vadias que encontraremos a liberdade. Somos indivíduos. Seres sociais — humanizados e educados. Somos indivíduos e sociedade em simultâneo. Penso na pandemia. Foi lastimável. Ela chegou como um divisor de águas para a humanidade. Digo mais: a mudança de um indivíduo é possível com a prática social.

Cedo ou tarde o passado reaparece. Não podemos apagar. Esquecer. O que podemos fazer é voltar na linha do tempo e escrever a história sob um ponto de vista material? Quando escrevemos estamos perto de quem somos? Escrever é como chegar ao extremo de si mesmo. A nossa força é a fluidez que nos levam em direção ao caminho. Subir a montanha é um chamado necessário para investigamos o ser social que somos. Os nossos nós. Qual sistema de crenças, valores e sentimentos serve? Uma decisão. A escolha. Chegar ao topo de uma montanha é a finalização de um ciclo. A vida é subir e descer. Ela dar voltas. Igual à terra. Ela ensina.

O que restou da tua primavera poética de 2021?

Rompe-se o muro do silêncio: através das lágrimas.

Encontrei sobras despedaçadas de vidro vindas do muro.

Nasceu a primavera poética.

Estação do despertar.

Materialização de um sonho.

Unidos por um ideal.

Aquele que transcende do fundo da alma — o amor.

Que renasce bento de lágrimas!

Escrito em novembro de 2021.