Por que os homens morrem mais cedo?

Não vou aqui dissertar sobre o tema, bem mais didático será mostrar exemplos.

A casa em geral é administrada pela esposa, que tem grande cuidado com sua área social: sala e lavabo. Ambos devem permanecer imaculados. Grandes e bonitos azulejos em tons pastéis, torneiras glamorosas, papel higiênico do mais fofo possível e sempre com desenhos, trazidos do exterior para o deleite de quem tiver o prazer de utilizar o chamado banheiro social, completa o ambiente uma toalha de rosto de um branco virginal. É o lavabo perfeito, será visto e comentado pelas visitas. A sala é o ambiente sagrado, nem se deve conversar em seu interior, apenas sussurrar. Habitualmente pouco iluminada. A grande metamorfose acontece na presença das comadres e parentes. Janelas abertas permitem que tímidos raios solares exponham louças raras, tapetes persas e pequenos bibelôs, onde a mobília em madeira de lei escura de um estilo clássico convive placidamente com a poltrona vintage. Chás servidos em louça inglesa e perante a admiração das comensais, apenas um comentário banal: já cansei desse azul, mês que vem sem falta troco tudo.

E assim, sempre afirmando que o chefe da casa é o marido, ela domina, decide, põe e dispõe sobre tudo, dizendo: só faço o que ele gosta.

Durante as reuniões sociais com suas amigas, ao marido é apenas permitido cumprimentá-las, retirando-se em seguida. Homens não tem controles nem de seus flatos, e não seria de duvidar que a fizesse passar vergonha por um “desculpe, escapou”.

Ele pacificamente não se incomoda em tomar sua cerveja na pequena sala de televisão assistindo futebol, para o desespero da esposa que certamente aceitaria de bom grado um esporte de escol, como golfe ou polo (assistido até pela imortal rainha da Inglaterra).

Além dos malfadados flatos, homens em geral tem uma percepção lenta e falha, com certa dificuldade para distinguir líquidos de gasosos. E foi o que aconteceu numa noite onde os dois assistiam silenciosamente um filme na televisão. Ele se levanta rapidamente e num pulo procura o banheiro mais próximo, o social, dizendo: ops, me enganei. Após algum tempo volta sorrindo pela situação, senta-se calmamente e continua assistir ao filme.

A esposa: teve que lavar, não é?

Ele: unhum

Continuam a assistir o filme. Passam-se cerca de cinco minutos quando ela arregala os olhos e num insight pergunta:

- Você usou a toalha de rosto?

- (silencio)

A tensão que se forma é quase palpável. Uma eletricidade paira no ar. O tempo para. O rubor sobe até a face da senhora. Os olhos agora injetados de sangue, e a transformação se completa com um brado:

- VOCÊ ENXUGOU A BUNDA COM A TOALHA DE ROSTO?

(baixam-se as cortinas)

(música fúnebre)

Nilo Paraná
Enviado por Nilo Paraná em 01/12/2021
Reeditado em 01/12/2021
Código do texto: T7397693
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