Faces e fases de vida (BVIW)

 

Aprendi, com a minha mãe, que as pessoas podem ter muitas faces. Com base na sapiência que lhe era peculiar, ela me dizia: — observe as pessoas, preste atenção ao que elas dizem, o que realmente fazem e como agem. Isso pode dizer muito mais do que elas são, ou do que está expresso em suas faces.

Ah! ela costumava categorizar as faces pessoais representando-as pelas fases da vida! Por exemplo: para ela, algumas pessoas pareciam crianças, tinham sempre um sorriso e, nas faces rosadas, o vigor de suas energias; enquanto outras, de tão singelas, e com gestos de candura, pareciam anjos.

Entretanto, já olhando para outras pessoas, minha mãe achava que pareciam adolescentes, pois suas faces eram emolduradas por uma expressão de inquietude e curiosidade, características de quem não admitia certezas, viviam em busca de entender o porquê das coisas e dos acontecimentos.

Na fase adulta, ela dizia que a maioria das pessoas carregava um punhado de responsabilidades, o que definia uma expressão facial séria; Contudo, a esperança e o otimismo permaneciam no brilho do olhar.

Infelizmente, ela não chegou a fase da maturidade, na qual as pessoas adquirem, nas faces, as marcas de uma vida, e esses sinais dizem o quanto foi prazeroso, ou não, os percursos feitos, os sentimentos e as emoções vividas.

Na verdade, estou convicta de que a personalidade, ou o caráter das pessoas, não se enxergam nas faces, mas nas atitudes.

 

Iêda Chaves Freitas

10.05.2022

 

Tema da semana: faces (crônica)