O Que Você Precisa Para Sua Casa Hoje?

 

Normalmente não faço perguntas. Sempre fico na espreita em conversas de amigos e conhecidos, ou mesmo quando en passant, vejo-me numa situação atípica, pouco rotineira, porém, se me chama atenção uma pergunta, anoto e busco responde-la, para mim no caso. Acontece que, ultimamente resolvi provocar as perguntas. A que dá título a esta crônica é uma delas. Percebe-se que casa é um substantivo feminino e que significa uma determinada construção de tamanho variado e material igualmente variado. Finalidade da casa: habitação, proteção, cuidados, reverência, consideração. Quando vi borbulhar de forma crescente notícias e críticas a propósito de uma chef de cozinha natural do nosso país vizinho, Argentina, salvo engano ela é naturalizada brasileira, foi o que ouvi em um dos vários PodCasts que vieram a comentar sua derradeira entrevista num também PodCast, este de viés socialista, que aqueles que votaram em um governo de direita e conservador, ela tem ojeriza e se diz sem condições de conversar por entende-los escrotos e burros. O que isso tem a ver com a casa em questão, sobretudo, a nossa casa e o que preciso para minha casa hoje. Vejamos do ponto de vista argumentativo que ela se posicionou, embora esteja dentro de uma temática política, o questionamento ofensivo vai além do gosto por este ou aquele político. Convém ainda ressaltar, ela se aventurou a tecer comentários sobre a História do Brasil, aquela que minha geração estudou nos bancos de madeira dos antigos grupos escolares, mas que com o tempo, evoluímos diante as transformações no comportamento de nossa amada pátria, e, ao longo desses 64 anos já confrontados com as escolhas feitas por nós brasileiros, a começar pelos que deveriam nos representar nos parlamentos e não o fazem como o prometeram em suas campanhas. Dito isto, quando volto para casa espero encontrar a casa arrumada, não me refiro ao aspecto, embora tanto melhor se assim for, mas arrumada no sentido psicológico, harmônico, familiar. Onde se pode deitar e descansar em berço esplêndido, senão em nossa casa? Onde encontrar forças e motivos para levantar no dia seguinte e voltar à labuta por dias melhores e constantes na calmaria e progresso, senão em nossa casa? Onde então, buscar motivos para se orgulhar e bendizer aos quatro cantos que temos um lar seguro, ético, honesto, cristão e temente a Deus, senão em nossa casa e junto de nossa gente, de nossos descendentes? Percebam que já não estou falando mais de uma casa qualquer, não é mais um lugar comum onde impera a baderna e a desconfiança, onde o certo deixou de ser certo e passou a ser motivo de chacota e descrença. Onde matar para roubar um celular é um trabalho como outro qualquer e que não é passivo de punição. Onde hostilizar o professor na sala de aula é motivo de autopromoção junto aos pares que debocham e vilipendiam a moral e o tradicional. Uma casa onde os pais não são educadores, ao contrário, são fornecedores. Dão de tudo e mais um pouco se o filho ou a filha não o incomodar. Pais que transferem aos professores a função de educar sendo que a este cabe a função de ensinar. Jovens que entram nas faculdades através de cotas exageradas e que apenas recebem passaportes tornando-se semianalfabetos reconhecidos como o imbecil coletivo, que se alimenta do que lê e escuta em rodas formada ainda pelos mesmos pares de cursinhos preparatórios quando adolescentes. O que preciso para casa hoje é respeito, consideração com o chão que me sustenta, amor e devoção pela nobre causa que mantém uma casa, um país em sintonia com o que de fato é o tão desgastado estado de direito. O que preciso para minha casa hoje é retribuir com dignidade e honestidade, todo o esforça que a casa fez para que eu chegasse onde estou. Não preciso de mais alguém de fora para desprezar o que já é tão desprezado por aqueles que deveriam manter a ordem e o bom senso da sociedade, aqueles que nem sequer foram escolhidos pelo voto nas urnas, que foram indicados por políticos para cuidarem de seus próprios interesses. O que preciso para minha casa hoje é que vença a liberdade de expressão, o direito de ir e vir, a lealdade com as cores de minha bandeira, a ética em todos os escalões e segmentos da sociedade, e sobretudo, que se retire a trave do olho antes de ver o argueiro nos olhos dos nossos compatriotas.

 

 

 

 

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