Afonso, o primogênito
02.06.2022 ou 01.06.2022. Antes que você reclame das datas sem explicação, peço que reconsidere a sua impaciência. É uma crônica que você vai lamentar se deixar de ler. Geralmente ninguém gosta de ser o desinformado a respeito de um majestoso acontecimento.
A primeira data é de hoje, a segunda é de ontem. Hoje é uma quinta-feira. Manaus e o seu sol predileto estão em harmonia. Meu pé de Theobroma grandiflorum que lute.
Mesmo que o meu dia tivesse cercado por mil desgraças (algumas aconteceram), a notícia de uma nova vida me protegeria de tudo. Protegeu. Nasceu o filho de uma grande amiga. Afonso chegou para mostrar que sonhar é o suficiente para que as Moiras comecem a tecer o destino. A Rayanna sempre contou com eloquência sobre o grande projeto de um dia poder tornar-se mãe. Ela planejou, mas as Fiandeiras do Destino resolveram intervir.
Hoje é um dia tão feliz que estou tomando café sem açúcar. Há algum tempo eu passei a desenvolver um sentimento despretensioso e insuspeito, eu realmente comemoro com afinco cada conquista das minhas amizades. Na terça-feira a Rayanna defendeu o TCC com grande êxito, na quarta-feira deu à luz ao Afonso. É claro que é um dever moral e espontâneo ficar feliz. Eu me inspiro vendo pessoas extraordinárias do meu cotidiano realizando feitos extraordinários.
É claro que o leitor mais chato vai fazer picuinha e tal, podendo chegar a dizer que quando a sua cria nasceu, ninguém escreveu crônica alguma. Posso compreender isso. Mas veja por outro lado, voce só não teve a sorte de me reconhecer como amigo. Nem ao menos comprou o meu livro ainda.
Agora a pouco eu estava no quintal e vi uma cena comum na natureza: um passarinho estava namorando quando foi surpreendido por um desses gatos abandonados. O final você já sabe. Nunca se sabe o que as Moiras tramam. Mas pressinto que elas tecem uma caminhada de muitas descobertas para a minha amiga, seu primogênito e o Arthur.
O engraçado é que algumas pessoas insistem em dizer que uma crônica nasce de um fato banal, mas eu insisto em seguir por outro caminho, escrevo crônicas sobre acontecimentos extraordinários.