Tecnologia, pra que te quero?

Dias atrás, perdi contato com o mundo!

Desapareceu de minha vista, feito carta de baralho manuseada pelo mais astucioso dos ilusionistas, meu aparelho de telefonia celular. Não que eu tenha apego a tal utensílio móvel de comunicação – afinal, tantos são distribuídos por aí -, mas ocorre que ele traz em suas entranhas a tão importante e companheira de todos os dias, agenda eletrônica.

Há muito deixamos de manusear blocos de notas e agendas convencionais, tão fortemente estamos arraigados às facilidades que o mundo eletrônico nos tem proporcionado. Não nos cansa mais a memória os vários números telefônicos de parentes, amigos, colegas de trabalho e demais contatos... Não mais necessitamos discar – essa expressão já nem faz parte do nosso atual vocabulário - ou digitar os números, e são raras as vezes que os vemos, pois, após gravado o contato no aparelho, é o nome de fulano ou beltrano que nos aparece em seu visor.

Incautos, não nos demos conta do perigo que passamos a correr, delegando a função de nossa memória aos chips integrados aos mais diversos meios eletrônicos que hoje nos cercam. É bem verdade que tendo alguém despertado para o fato de essa dependência nos vir a ser de alguma forma prejudicial, houve por bem disseminar a todos a idéia de se criar um sistema de defesa, chamado de “backup”. Mas muitos não o deram atenção, inclusive eu.

Por mais irrisória a situação possa parecer, acabou por me trazer um impensável desconforto. Senti-me de imediato apartado do mundo, desligado de todos - como se recém-nascido fosse e me tivessem cortado o cordão umbilical. Urge, agora, que eu tome as rédeas da situação e ponha a minha própria memória para trabalhar, não abrindo mão, é claro, de caneta e agenda.