Um dia só meu

Nesse dia o sol reinava geral. Fazia muito tempo que não prestava atenção naquela atmosfera boa de inverno.

Saí rumo a recordar o lugar que passei minha infância, vi muitas residências, pontos de comércios, parecia cidade nova, essa era primeira vez que visitava depois de mudar pra outro estado, estudar, trabalhar e formar família.

Mas aquela luz, por ser uma manhã, invadia os lugares da calçada por inteiro e causava calor.

Contemplava tudo, naquela hora do dia o trânsito já se fazia movimentado, me sentia como um equilibrista que dá um passo no vazio, no trapézio do circo.

As lembranças vieram assim que cheguei na esquina da casa da primeira namorada, novo morador agora do bairro, continuei andando os mais velhos tomando conta de seus jardins, suas hortas, sua sobrevivência. Conhecia este movimento apenas aos domingos. Mas era outro tempo. A luz na minha cara, cara de um sênior com pensamentos de um tempo que se passou a muito. Vi as crianças brincando, filhos de pais como fui quando os meus eram pequenos, soturnos, pais carinhosos, orgulhosos de suas crias , e pisando agora no "estranho" território de uma tarde livre eu sentia.

Bicicletas loucas e soltas, e eu apenas olhava aquele bar que era do seu Marcão.

Depois de curtir as novas paisagens do lugar, entrei e pedi uma cerveja e ninguém me reconheceu, dei um suspiro paguei a bebida e sai, já era final de tarde o azul ia aos poucos dominava o pedaço, ia ficando tudo com um tom de vermelho.

Respirei fundo. Uma pontinha de tristeza me bateu. Voltei pra casa pensando como tudo mudou, será que sou outro agora?