Felicidade
Comumente uma semana vai chegando ao fim, lá fora, todos felizes celebrando sua morte, o inicio do tão aguardado final de semana.
No fundo, confesso, invejo-os. Queria estar feliz ou, ao menos, aparentar como eles aparentam estar. Penso que é uma qualidade, o infeliz mascarar seus sentimentos, como uma bruxa se maquiando e se transformando em uma bela donzela.
Lembro-me de quando era pequeno, deitado no carro em uma festa qualquer (sempre ocorria), acordando e voltando a dormir, inúmeras vezes, com o som de meus pais, rodeados de pessoas, rindo enquanto bebiam felizes.
Me recordo que eu não entendia toda aquela alegria, qual o motivo dela, aquilo deveria ser esplêndido, e que eu, talvez, era errado por não me sentir assim, mas talvez fosse só minha condição que não permitia, então eu deveria crescer logo para viver aquilo que eles estavam vivendo e me sentir feliz como eles.
O tempo passou, a criança do carro cresceu, e nos seus 28 anos de existência, até hoje, não conseguiu sentir aquela alegria. Poderia escrever mais de como, em minha juventude, criei revolta daqueles que fingem sentir aquilo que eu queria crescer para alcançar.
Hoje penso, somos meros cascos buscando sentir o que nunca sentimos e preenchermos o vazio, mas sentimentos não são líquidos.
Por fim, viva a morte da semana, viva aos cascos lá fora, viva o vazio aqui dentro.