lucindanelremar VIAGEM ASTRAL?

Eu no meio da noite,

vendo o céu estrelado,

viajo na cauda de um cometa.

Esqueço do tempo que passa,

vislumbro um ser dobrado sobre si,

tenho a impressão que o conheço.

Não vejo seu rosto, estou no ar, meus pés não tocam o chão.

Sou um viajante na cauda de um cometa,

deslizo entre mundos que eu pensei não existir.

Sou parte de um corpo celeste e não me vejo em mim.

O ser dobrado sobre si mesmo, sou eu?

Permaneço de olhos fechados, mas sei tudo que acontece ao meu redor

Ouço vozes me dizendo para eu nada temer. Estou numa viagem astral. Tenho consciência do mundo todo. O universo me parece tão pequeno, não há nada que me passe despercebido.

Converso com seres estranhos mas ao mesmo tempo é como se os conhecesse a vida inteira.

Não há barulho. Só vozes. E ouço nitidamente como se na verdade falássemos todos uma língua espacial, em códigos que todos compreendem.

Fantásticas luzes estão sobre nós, ou nossos corpos astrais, parecem que as emitem e o mundo se concentra naquele espaço em que estamos.

Eu fico me perguntando em dado momento, se estou sonhando ou se tudo é realidade? Não sinto dores, não sinto nenhum desconforto. Tento ver meu corpo, mas sou só consciência de mim e me movimento como se meu corpo fosse só luz.

E o que conversamos? Ora, eu me vejo olhando um grande quadro, onde passam cenas da vida na terra. Algumas parecem de um passado remoto, outras parecem de outros tempos que nunca havia estado. Mas em tudo, há um elo, uma sequencia tão real que me vejo sorrindo, chorando conforme cada cena vista. Mas meu corpo, parece imutável. Não sinto lágrimas caindo, só dentro de mim, as emoções se sucedem.

Há quanto tempo, eu não tinha essa impressão! Viajando fora do tempo. Sinto-me leve, quase como se estivesse tirando de mim, um peso, que até então não tinha consciência.

O tempo passa. Não, não sei se minutos ou segundo ou mesmo horas. Só sei que de repente,me vejo abrindo os olhos, e eu deitada num chão, em posição fetal. Dobrada em mim mesma. Meu corpo parece quase gelado, mas depois de uns minutos, eu o sinto voltar a temperatura normal.

Terminei de voltar de uma viagem astral.

Será? Não sei. Pode ser. Levanto-me e aí, sinto uma mão em meu ombro. Viro-me para ver quem é. E vejo um senhor com olhos cheios de lágrimas, dizendo : Filha, procura a razão dessa tua viagem. Nada é por acaso. Não deixes que os sofrimentos de agora, as maldades do mundo, as mentiras, as guerras, tudo de mal que vem acontecendo, ou que ainda poderão vir a acontecer, te façam esquecer do valor da sensibilidade, do amor e da solidariedade.

Mal terminando de falar, ele se voltou e se foi. E eu ali fiquei a me perguntar: E este momento, foi real? De qualquer maneira, tentarei fazer o que ele acabou de me dizer.

Assim, me pus a andar, voltando para casa, pensar e pensar sobre tudo e sentindo no peito uma leve sensação de que tudo aquilo foi verdade e que tinha diante de mim uma grande responsabilidade.

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Conto para você para que de repente me diga se acredita ou não e se algo parecido já aconteceu com você.

(02/07/2017)

Raimunda Lucinda Martins