Procura-se um amigo
Não, não me considero uma pessoa solitária, mas de tanto jogar com as palavras, ensaio conversas deveras, e não as realizo. Cumprimento colegas no trabalho, falo sobre o tempo, elogio alguma atitude, sugiro novas técnicas de comunicação com o outro... e boquiaberta me pego isolada em uma fortaleza construída por mim mesma. Distribuo risos aos montes, como a passar num tapete de flores, saudando tudo que me vem pela frente. Estou assim desde que o mundo deu trégua em massa, e ninguém conseguia se despedir. Perguntas saltavam da boca como para-quedas errantes ... foi de quê? _ Saudade? Susto? Toques ? Respiração? Sufocamento?
_ Foi de nada! ... desse espaço vazio e medonho que tem devorado meu bom senso, ao invés de encher minha casa de amigos!