CRÔNICAS DE UMA PROFESSORA: Experiência com Filosofia para Crianças

Em minha vida Profissional consegui ensinar desde o Ensino Infantil até o Ensino Superior. Mas nada me foi tão gratificante em meu exercício docente, como ensinar Filosofia para Crianças.

O método consistia em uma fundamentação metodológica criada por Dr Matthew Lipman, filósofo americano que graduou-se como filósofo na Universidade de Stanford na Califórnia,e obteve o título de doutor na Universidade de Colúmbia em Nova York. E, tendo como substrato teórico as ideias de John Dewey e Lev Vygotsky, sugerindo que fossem dadas às crianças exercícios para tirar inferências lógicas. Assim, ao pensar num programa pedagógico que tivesse como objetivo desenvolver as capacidades de raciocínio e do pensamento em geral, pelas crianças assim como as capacidades de verbalização do pensamento, os confronto de ideias e a reflexão em grupo, Lipman, foi influenciado teoricamente pela tradição filosófica no seu conjunto começando pelo método socrático e a forma de diálogo das obras. Assim, as crianças poderiam aproveitar o treino de raciocínio desde que recebessem a contribuição da filosofia, especialmente nas áreas da lógica, ética, estética e epistemologia.Mas indo ao cerne da questão o que me atraia nessa prática de ensino, no contexto, foi a forma criativa como os alunos se comportavam no inicio do diálogo sobre as questões a serem desenvolvidas. Por exemplo: As crianças eram colocadas em círculo. No início da aula, as crianças eram direcionados aos acordos do processo de diálogo ( a famosa parturição de Idéias do filósofo Sócrates)Primeiro quem quisesse falar levantaria a mão um a uma enquanto que quando um estivesse falando os outros ficariam só observando sem fazer intervenção. Ao terminar, o professor perguntaria primeiro quem discordava da opinião dada pelo primeiro aluno a falar, justificando porque discordava.Nesse momento começa os questionamentos com cada um falando durante sua vez. E logo em seguida era indagado quem concordaria com o que foi dito. Então falando um de cada vez o assunto ia se desenvolvendo em opiniões diversas onde o professor ia organizando o diálogo.Quando alguém quisesse fazer uma intervenção após a fala do outro levantaria a mão. E os outros iriam se inscrever comigo mantendo a organização. No final da operação eu perguntava à primeira pessoa que falou: - Você continua com a sua primeira opinião? E pedia para que fosse justificado. E de acordo como o Planejamento da aula era colocado em questão uma pergunta provocativa: "Na sua opinião todas as pessoas deveriam ter liberdade para fazerem o que gostam?" E dentro do conteúdo ia se desenvolvendo por eles mesmos as contra-perguntas como "- Se você quiser dar um grito dentro da sala de aula você acha que está certo fazer isso, perturbando o desejo de assistir aula dos outros?"

O interessante é que no processo da parturição das idéias os conteúdos são direcionados para as questões coerentes e pertinentes e respostas à altura.

O surpreendente é que eles mesmo sendo crianças nos conduzem também a pensar.

Após o término da aula, dependendo do horário e da complexidade da pergunta a ser questionada, ficava sendo um exercício para retornar na próxima aula sobre o conteúdo.

Observei na prática como os alunos gostavam das aulas e quantas perguntas que eles tinham dúvida eram solicitadas para entrarem em questão em uma outra aula.

Eles gostavam e eu amava o desenvolvimento deles e o meu durante as aulas.

Tânia De Oliveira

04/08/2022