AOS COMIGO DE MIM.

"Eu que me agüente comigo e com os comigos de mim" (Fernando Pessoa)

sabe, meu leitor, eu queria ter contado a você porção de coisas dos meus dias – seria a minha maneira de um abraço, de uma oferta de pródigo sorriso (que não é muito, mas é o que tenho e é o que sou, e o que posso oferecer) . No entanto foram dias cansados, muito cansados, e teve até pejo de angústia. Juro que gostaria de ter dito que choveu uma chuva de baldes aqui na minha terra, uma chuva sem céu azul em volta, mas que agora faz as 80 milhas que nos separam de Vitória parecerem 8 – porque para um telúrico como eu, quando a natureza se regala em verdor exuberante, experimento do cálice do sentimento de conforto de nada mais ser do que apenas ínfima parte deste todo...

Queria mesmo ter dito a você, que quando debruço na aquiescência do térreo da minha alma, que é egoísta “pra caramba”, e que deseja um corpo forte e malhado e com uma tatuagem oriental no flanco esquerdo para espraiar-me no verão – que é em você que penso, no que você estaria fazendo, se foi legal o seu dia, se você curte os animais, como transa o seu coração...

Eu queria contar a você coisas do arco da velha que só agora me fazem rir. Contar coisas de gente mais estúpida do que eu – gente que quis me calar para não fazer cessar o ganho de dinheiro a custa de afronta à boa lei. Calar-me com ameaças e ignorância calibre 38 (mas me falam os místicos, que me acompanha um anjo que faz os projéteis a mim dirigidos, saírem pela culatra. Mas é um anjo que não arrefece o meu desejo de fazer bundalelê para debochar dessa laia que aprecia empurrar goela abaixo a submissão). Mais ainda, queria dizer a você sobre os amigos que me ouvem e estão aqui comigo, como falar também dos da nossa capital Vitória, dos de Foz do Iguaçu, dos de Cuiabá, dos de Poá, dos de Marilândia, dos de Linhares. Ah, e daqueles do Rio de Janeiro, que são belos como a cidade – caso ela fosse maravilhosa sem a selvageria dos homens.

Estive de fato cansado de pedir noite pra dormir e de nem mesmo conseguir sonhar. Cansado e com o pejo da angústia, que é pior. Cansaço dos editais, das publicações em diário oficial, cansaço da burocracia, dita necessária - angústia de não ter tempo para fazer em tempo.

Mas houve coisas boas – que superam uma colisão de carro sem vítimas – coisas que contarei em breve. Não é nada que possa ir às manchetes dos jornais, mas nada também que faça de você um Bourbon a dizer-me “por que não te calas tu também?” Porque você sabe que, se por acaso sou um índio sul-americano, não sou impávido que nem Muhammed Ali, talvez apaixonado como Peri. Tranqüilo, mas falível, e que aprecia contar a vida por aqui. E que o faz quando não está alquebrado.

No fundo e com minha cara deslavada, meu caro leitor, quero dizer a você, além de querer comungar o que sou, que queria poder lhe dar um abraço grande de braços e com o coração também.

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Joel Rogerio
Enviado por Joel Rogerio em 29/11/2007
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