Na minha inocência de criança

Hoje como é o dia dos pais, eu estou a pensar sobre o meu velho pai, que faleceu há mais 12 anos e lembrei de certas coisas que ele fazia, e do que ele dizia_me, e não há como não lembrar dos bons momentos e dos ruins também que passamos juntos em nossa convivência entre pai e filho. Entretanto quando eu penso nessas coisas a respeito de como era feliz nessa época quando era uma criança. Sinto uma felicidade e ao mesmo tempo uma tristeza por ele não está mais aqui comigo; porém assim mesmo vale a pena lembrar.

Todavia lembro de quase tudo e sem dúvidas a infância é a melhor fase da vida. E hoje só existe apenas as velhas lembranças. E assim sem querer lembrei no dia em que eu e o meu pai saímos para ir no centro da cidade e nesse dia ele resolveu voltar a pé e também aprontar uma comigo. Pois bem, estávamos caminhando naquela mediação da Avenida Boulevard Álvaro Maia, e o meu pai resolveu ir para casa 🏡, andando a pé, apesar de eu não ter a mínima noção sobre a localização exata da distância de nossa casa.

Entretanto como eu era apenas um inocente curumim*, só lembro agora que o meu pai passava numa esquina entre a rua Recife e a rua Fortaleza, passando em frente da igreja nossa senhora de Nazaré, que fica ao lado da escola 🏫 Ângelo Ramazzotti, onde eu estudei e onde fica a praça.

E num súbito inesperado quando atravessamos a tal praça, o meu velho pai disse assim: meu filho, eu acho que nós estamos perdidos! Eu não sei mais o caminho de casa, será que você pode me ajudar a encontrar o caminho de volta pra casa? E eu na minha inocência de criança acreditei no que o meu pai disse. E estava completamente perplexo com essa situação; que eu fiquei a pensar comigo mesmo: como irei, eu uma simples criança, encontrar o caminho de casa?

Nisso nós prosseguirmos adiante na rua Fortaleza no bairro de Adrianópolis, onde chegamos no antigo restaurante Chapéu de Palha, que ficava na esquina com a rua Paraíba com a rua Fortaleza. E foi quando o meu pai perguntou: filho, você sabe onde nós estamos? E aí, você sabe o caminho sapinho? Pois bem, este era um apelido carinhoso que eu tinha quando moleque. E aí você sabe pra onde ir agora?

E eu na minha inocência de criança dizia assim: pai, porque o senhor não sabe o caminho de volta pra casa? Porque nós não vamos de ônibus? E o meu pai rapidamente sem hesitar, respondeu: filho, a gente não vai de ônibus, porque eu estou sem dinheiro 💸, pra pagar a passagem, por isso é que nós estamos voltando a pé pra casa. O problema filho, é que eu não sei andar a pé para voltar pra nossa casa, e agora filho, tu também não sabe! E agora o que a gente vai fazer?

E nesse exato momento eu senti uma tristeza e uma angústia e um aperto no meu coração, e disse pro meu pai: pai, eu não sei o caminho de volta pra casa, eu cho que nós estamos perdidos, perdidos!e nunca mais nós vamos encontrar a mamãe! Porém o meu pai vendo a minha aflição e sofrimento, depois de pregar essa peça comigo, rindo bastante de sua brincadeira, desde o começo, sem eu ao menos entender nada, porque o papai estava rindo tanto a toa?🤔e eu tão inocente para uma criança de minha idade. Porque na minha mentalidade infantil era algo absolutamente grave, porque não dizer trágico: ficar perdido e perder a mãe; e isso tudo num dia só, para minha mim é era fim do mundo!🤔

E nesse exato instante e momento o meu pai começou a rir 😁 sem se controlar e como uma vítima inocente de uma situação inesperada e incômoda. Eu perguntei ao meu pai: pai porque o senhor está rindo? Qual foi a graça? E quanto mais eu indagava ele, mas ele ria e ria.🤔que até gargalhava 😆, até que chegou um momento que eu comecei a chorar copiosamente. E foi nessa tal dita situação complicada em que eu, uma simples criança, se encontrava.

Todavia o meu pai percebeu a minha angústia e o meu sofrer e como num evidente despertar de um triste remorso, teve essa tal consciência de dizer a verdade, dizendo assim: filho, nós não estamos perdidos, eu sei o caminho de casa, eu nunca que iria te abandonar nesta vida, porque eu te amo! E assim ele abraçou_me e beijou_me e colocou_me no seu colo e depois atrás de suas costas entre o seu pescoço até chegar em casa.

Enfim eu percebi que o meu pai, estava apenas brincando comigo. Nossa! que tal essa brincadeira mais doida né!?🤔 E assim descemos a rua Paraíba e dobramos a rua Belo Horizonte para pegarmos a rua Severiano Nunes e seguir na rua José do Patrocínio até chegar na rua Amazonas n: 27 Aleixo. Onde nós moravamos e moramos até hoje. E no final deste dia o meu pai me abençou e eu disse a ele que eu também o amava muito e o amo até os dias de hoje.

Curumim* é um vocábulo indígena que significa criança.

Déboro Melo
Enviado por Déboro Melo em 14/08/2022
Reeditado em 14/08/2022
Código do texto: T7582156
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