A COR DA FELICIDADE (BVIW)

 

O ar entra pelas narinas fazendo-me outra vez experimentar momentos passados. A língua prova o gosto, mas eu que saboreio as horas inesquecíveis. Os ouvidos captam o som despertando em mim reminiscências profundas, algumas vezes silenciadas e esquecidas.

 

O odor Cashmere Bouquet traz a imagem dos domingos, quando mamãe usava o pó facial para irmos à casa da vovó Almira. O sabor do araçá me lembra o pé carregadinho, mas minha irmã acordava mais cedo que eu, e colhia os madurinhos. Ah, danadinha!

 

A música “Como uma onda”, de Lulu Santos, hoje me diz, de fato, “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. A não ser pelos cheiros, gostos, olhares, sentires e pelas escutas, que a memória afetiva volta e meia se ativa na saudade das coisas boas provadas.

 

As cenas visualizadas marejam meus olhos fazendo-me degustar múltiplas sensações. A velha fotografia mostra lugares por onde passei, um pouco do que provei, o muito que sorri, e a cota que chorei. É nela, porém, que todos os sentidos sobressaem, e apesar de monocromática, enxergo uma cor infinita chamada felicidade.   

 

 

 

Tema proposto pelo BVIW: "Memória Afetiva".

 

(BVIW - *BECOMING VERY IMPORTANTE WRITER/ "Tornando-se um escritor muito importante").