Um segundo, um abismo, um amigo

Sabe essas noites em que suas decisões são tomadas levando em consideração apenas o que se espera obter de uma noite perfeita? Essas noites em que tudo parece perfeito e por causa disso seu subconsciente aponta apenas para uma direção, direção essa que só um breve futuro revela? Você aceita isso porque suas emoções começam a sobrepor sua razão, e tudo que se consegue pensar na hora é, onde e como isso vai acabar. Mas como sempre, a sua emoção te ludibriou mais uma vez, enforcou sua razão com cabo de aço, e você só descobriu isso porque seus objetivos noturnos começaram a mudar de direção, daí você acorda, não totalmente, mas o suficiente pra perceber que a noite já esta chegando ao fim e até agora de nada lhe foi proveitosa...

Você procura um espelho, e vê refletido nele a magra e amarga sombra do fracasso, simplesmente abandona sua própria direção e permite que um silencioso caminho de asfalto assuma o teu comando, nada pode te parar agora, nem a escuridão que banha o seu furor, nem muito menos a certeza de um final trágico, agora só lhe resta fechar os olhos e sentir o hálito frio da morte se alternado entre um som estridente e um arrepio na nuca.

Foi apenas um segundo, o suficiente para quebrantar sua coragem e devotar sua vida à uma curva mortal. Foi apenas um abismo, o suficiente para mostrar que não passamos de humildes objetos perdidos na extravagante cadeia da vida. Foi “quase” apenas um amigo que se foi, o suficiente pra mostrar-nos que o “quase” mais uma vez provou ser forte o suficiente pra enfrentar a morte, e sábio o bastante pro nos ensinar que não existe direção certa sem a razão...

Vifrett
Enviado por Vifrett em 06/12/2007
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