Loucos pelo Natal

"É o coração que sente Deus e não a razão" Blaise Pascal

Contam uma anedota, que em certo manicômio, e se aproximava o natal, os médicos psiquiatras resolveram avaliar os pacientes que poderiam passar a data festiva no seio dos familiares. O teste consistia numa pergunta bem simples, que com um pingo de lucidez poderia se inferir uma resposta satisfatória e com ela o salvo-conduto para o desfrute natalício em casa. Perguntaram então ao primeiro louco o que era uma coisa de couro que se usa nos pés para caminhar. O louco para garantir uma resposta correta perguntou se essa coisa teria cadarço. "Sim" - certificaram os médicos. - Então é sapato! - Respondeu confiante o paciente. "Aprovado", disseram os médicos.

O paciente que passara no teste, louco, mas agora de felicidade, ao sair, tomado de alegria incontida, segredou para o outro louco que ia ser testado: - Pergunta se tem cadarço. Se tiver, é sapato e pronto, você estará livre. Os médicos inquiriram o segundo paciente: - O que é uma coisa de lata, com quatro rodas, um motor e que a gente utiliza para andar? O louco pensou, pensou e perguntou: - Tem cadarço? - Não… Então é mocassim…

Esta é uma anedota boa e faz rir. Mas o segundo paciente também deveria ser aprovado. Digo já o porquê: Porque ele também era louco pelo natal e quem gosta do natal tem queda pelo amor! No amor não há engano – É um princípio, já disse o Cristo.

Ocorreu-me esta anedota porque outro dia veio o Luís, e diferente de quando se transborda de alegria de ter 17 anos, me pergunta meio baixo astral: "Rapaz que negócio é esse de trabalhar sábado à tarde?" Respondi que era preciso às vezes em finais de ano. Temos que fechar o ano financeiro, há matérias oficiais a publicar, empenhos por fazer, caralho-a-quatro. A resposta dele é "caramba, mal, mal!". E me pede "Ô mestre Joel, não vá trabalhar no natal, viu?" Fez-me lembrar de que estamos às portas do natal.

Luís, que é alucinado pelo natal, se foi da minha presença em silêncio sem esperar mais de mim. Intimamente desejei-lhe um feliz natal.

Putz, daqui a poucos dias será o aniversário de um Deus que, feito humano, veio e divinamente criança, pediu para nos assemelharmos aos pequeninos - e de tão bom - conta-se em prosa e versos, que morreu para que o céu fosse nosso, todos criancinhas!

Assim, um pouco criança começo a perceber, não pinheiros, que não se vêem pelo vale do rio Doce, mas os flamboyants que se prodigalizam em florações, já na entrada de novembro, e se infestam de vermelho para a gente ver. São minhas árvores de natal.

Lá em casa da minha infância havia um. Coalhava o chão de rubro à época da floração. Era belo, só que por verter parte dos galhos para além do muro, incomodava a vizinha que não se embevecia com a árvore - ela não era louca pelo natal. Dizia que sujava o seu quintal. Veio o dia que disseram que as raízes estavam rachando o muro. Cortaram o flamboyant. Mas não deu nem tempo para ficar triste. Naquele ano o meu pai comprou uma sonata em suaves prestações na Loja Ondontótica, e meu irmão mais velho ganhou um "long play" dos Beatles. Então os Beatles tocaram lá em casa "twist and shoud" noite e dia do natal, que fez um domingo de sol quente na cara também... E nós loucos pelo natal Por isso em dezembro não faz frio neste vale. Se chover ou não chover, a gente sempre estará feliz na noite do natal. Somos loucos pelo natal - Temos o salvo conduto. Well shake it, shake it, shake it, baby. Ah, ah, ah, ah!

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Joel Rogerio
Enviado por Joel Rogerio em 20/12/2007
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