EXISTENCIALISMO E PSICANÁLISE (LUCY IN THE SKY WITH DIAMOND) (XIII)
EXISTENCIALISMO E PSICANÁLISE
(LUCY IN THE SKY WITH DIAMOND) (XIII)
ESSA ERA a família, essa era a cidade, essa era a cultura e a civilização que, certamente, não estavam longe das condições mais primitivas da vida de Lucy Australopiteco. Ela subia em galhos de árvores na busca de frutos para comer e sobreviver, há 3,2 milhões de anos na África, de onde, muito futuramente, os navios do tráfico de escravos embarcariam os negros negreiros em direção às Senzalas nas Américas. Talvez, do ponto de vista da alimentação, Lucy Australopiteco estivesse mais saudável do que as Lucy sapiens do século XXI.
OS BRANCOS europeus da Casa Grande, estavam à espera das negras africanas e da filiação das mesmas, para descarregar todas as suas taras, de há muito represadas pelas incursões da Inquisição nos países europeus. Em terras Brasilis os braços da Inquisição chegaram ao exercício de grande poder de repressão na segunda metade do século XVIII, quando quinhentas vítimas foram acusadas de disseminar o judaísmo. Seus primeiros emissários aportaram entre 1591, e continuaram os tribunais até 1767. 400 brasileiros foram condenados e 21 deles queimados em Lisboa, os considerados casos mais graves. Os que tinham mais a perder em bens de comércio açucareiro.
O ÊXODO forçado dos escravos negros negreiros possui, presumo, alguma semelhança com o Êxodo dos judeus do Egito, considerado por historiadores, o mito fundador dos israelitas. É considerado por eles símbolo universal de liberdade e independência. Ainda nos dias de hoje eles celebram a Pessach (Páscoa), o Shavout (Pentecostes) e o Sucot (Festa dos Tabernáculos) que comemoravam e revivem os eventos daquela época: 1200 anos antes de Cristo. Saíram do Egito, liderados por Moisés, após 400 anos de escravidão. Os negros negreiros estavam sendo conduzidos da África para um período de escravização que perdurou trezentos anos.
AMBOS OS povos guardam um imenso ressentimento desse período de humilhação, submissão e sujeição a seus tiranos subjugadores. O Inconsciente Coletivo Universal desses povos preserva essa memória de sujeição e vassalagem. É certo que guardam ressaibos e mágoas desses eventos que os diferenciam da saga histórica de outros povos. Em Êxodo 12:40 está escrito: “A permanência dos filhos de Israel enquanto habitavam na terra do Egito e na terra de Canaã, foi de 430 anos. Os faraós consideravam Canaã sua propriedade. Por todo esse tempo nenhum profeta se pronunciou em nome de Deus.
O RABINO Sobel afirmou: “Jesus foi um grande homem, um grande mestre que pregou ideias universais. Porém não o aceitamos como Messias ou Salvador, pois o judaísmo não reconhece um “Filho de Deus” que se destaca e se eleva acima dos outros seres humanos. A convicção judaica é que todos os homens são iguais”. Ora, sabemos, em verdade não é bem assim. Salomão não é considerado um homem igual aos demais. Os judeus se preservam distante dos membros de outros povos. Ainda nos dias de hoje aguardam um Messias. Para eles, eles não são iguais aos outros homens ou povos. Eles, judeus, têm seu Estado, mas não querem que os palestinos tenham também um Estado seu.
SE TODOS os homens são iguais, como se explica que duzentas mil bombas foram lançadas por Israel na Faixa de Gaza, matando, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 33 mil pessoas e 75 mil feridos, em 175 dias de guerra??? Israel lançou vários maciços ataques em Gaza (2008, 2009, 2012, 2014, 2021 e 2024) com o objetivo de destruir a condição ou atributo militar do Hamas. Essas guerras mataram mais de quatro mil palestinos, mais da metade dos quais civis, incluindo também mais de 100 pessoas em Israel. Se todos os homens são iguais, como disse o Rabino Sobel, há homens mais iguais do que os outros.
SOBRE A guerra Jean-Paul Sartre afirmou:
— “Quando os ricos fazem a guerra, são sempre os pobres que morrem”.
— “A guerra, a princípio, é a esperança de que a gente vai se dar bem; em seguida, é a expectativa de que o outro vai se ferrar; depois, a satisfação de ver que o outro não se deu bem; e finalmente, a surpresa de ver que todo mundo se ferrou”. (Karl Kraus).
— “A guerra é o maior dos crimes, mas não existe agressor que não disfarce seu crime com pretexto de justiça”. (Voltaire).
— “A guerra é a coisa mais desprezível que existe. Prefiro deixar-me assassinar a participar dessa ignomínia”. (Einstein).
— “A guerra é um massacre entre gente que não se conhece para proveito de pessoas que se conhecem, mas não se massacram”. (Paul Valéry).
— “Os radicais inventam as ideias. Quando já as esgotaram de tanto uso, os conservadores adotam-nas”. (Mark Twain).
— “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a se desanimar da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. (Rui Barbosa).
— “Um conservador é um homem covarde demais para se bater e goro demais para correr”. (Elbert Hubbard).
— “Veja as coisas como elas realmente são”. (Bertrand Russell).
PERMITA-ME o leitor dois comentários: o primeiro com respeito à frase de Einstein de que ele não participaria de uma guerra. Sabemos que suas descobertas na física foram motivo da criação de armas letais fabricadas e usadas pelas grandes potências enquanto instrumentos ou ferramentas de destruição. Quanto à frase de Bertrand Russel, convenhamos: eles, os bozominions, os fanáticos pelo Trump Trambiqueiro, quase nunca veem a realidade tal qual ela realmente se apresenta. Eles a veem sempre pelos olhos distorcidos do radicalismo político do fanatismo.