Calor

Ele provoca o fervilhar do sangue de Sophie.

É instigante.

Deliciosamente apavorante.

Sabor de verão, anjo malvado.

Os olhos azuis mascaram a inocência deste pecado.

Ela prende os cabelos para refrescar a nuca suada e quente. Precisa retornar do sonho, voltar a realidade, há muito trabalho a fazer.

Os papéis espalhados sobre a mesa, e o pensamento ao longe, atravessa a ponte e vai até a Ilha dos seus desejos. Sophie luta para retornar e concentrar-se no relatório a preparar, mas é impossível. Este homem estranho, alto, forte, que ela mal conhece e nem sabe o seu verdadeiro nome está dominando os seus pensamentos.

Levanta-se, vai até o bebedouro, entorna uns dois copos de água gelada.

Volta ao trabalho, digita uns números, analisa, compara...

Ele volta, loiro, lindo...Provocante...

Calor, Sophie precisa fugir!

Vai até o pátio da fábrica, conversa com alguns funcionários, registra mais alguns dados.

“Eles são ótimos em refrigeração” – pensa, sarcástica.

Volta ao relatório, mais concentrada, conclui o trabalho.

Lindo, loiro, provocante...

É o diabo em forma humana, que quer tirá-la da posição de boa menina.

Catia Schneider
Enviado por Catia Schneider em 05/12/2005
Código do texto: T81290