Ego

Muitos falam do ego como sendo o grande vilão da existência humana, esquecem se que ele é uma parte fundamental da nossa psique, ninguém pode ficar sem ele ou simplesmente eliminá-lo, é a faca de dois gumes com a qual precisamos lidar do dormir ao acordar.

É visto como algo ruim ou negativo, sinônimo de presunção e vaidade, mas no mundo da psicologia e psicanálise, o ego é o núcleo da nossa personalidade. Responsável tanto por nossos instintos de sobrevivência, quanto pela nossa ideia de nunca estarmos errados. Responsável por interpretar a realidade, memória, emoções e percepções.

O ego é nosso “eu” consciente, mediador do id e superego, criações freudianas para explicar o funcionamento da mente humana, o que alimenta nossos pensamentos e emoções, com base nos impulsos dos sentidos que moldam as nossas posições e convicções.

É a base de nossa personalidade, quem julga as pessoas ao nosso redor conforme nossos interesses e experiências pessoais, aquela voz interna que indica o que é bom e o que é ruim, responsável por preconceitos e aceitações, além de fazer parte da personalidade humana, está ainda mais relacionado ao caráter, à forma como nos comportamos e pensamos, formando nossas crenças, ideias, valores e tomada de decisões.

Toda vez que agimos ou pensamos que somos melhores que o outro, estamos sob efeito do ego. Essa certeza de estarmos ao lado da verdade é dada por ele. Qual verdade? Não se sabe.

Aceitar e observar o modo como nos comportamos é necessário para nos conhecer mais e aprender a lidar com nossa individualidade, sem ferir os outros com nossa personalidade. A individualidade do ser deve ser moldada para que sua personalidade não traga prejuízos, nem prejudique os demais.

Somente com autoconhecimento podemos nos corrigir e controlar o ego exacerbado. Quando nos damos conta que nosso comportamento está nos prejudicando ou ainda nos fazendo perder pessoas e oportunidades, é preciso refletir sobre o que está acarretando e provocando isso em nossas vidas.

O ego alimenta nosso instinto de sobrevivência. Ao nos impor e tentar nos defender, é ele que entrará em ação para nos salvar da vergonha, do bullying, da humilhação, sendo uma arma importante, quando usada com distanciamento e racionalidade, ou apenas irá ferir e nos prejudicar, se o deixarmos agir simplesmente por impulsividade.

Não é fácil lidar com o ego, nem encontrar a medida certa dele. Somente com muito autoconhecimento podemos ser capazes disso.

Ser aceito, buscar aprovação, sentimentos de inveja, raiva, são manifestações claras do ego e fazem parte de um conjunto de crenças do “deve ser”. Ao identificar essas crenças e o quanto nos sentimos atingidos quando esbarramos nelas, é possível nos observar e entender porque aquilo nos causa tanta dor.

Com a observação atenta do fluxo dos pensamentos, podemos entender quais são os que nos prejudicam e quais são os benéficos. O ego nos leva a nos comportarmos de forma instintiva, muitas vezes, sem tomar as devidas precauções ou medir as consequências de nossas ações.

Em muitas oportunidades, ele nos faz ocultar o nosso verdadeiro eu. Por isso, ele passa a refletir algumas facetas da nossa natureza íntima que podem não ser reais. E isso nos leva à confusão quanto a nossa própria identidade.

O medo nos impede de superar a nós mesmos, portanto, não podemos deixar de praticar a autoconfiança, não nos permitindo nos ofender por qualquer circunstância.

Equilibrar a autoconfiança e o autoconhecimento com certeza é o melhor remédio para mantermo-nos sob controle e exercer nosso domínio e superação do ego de forma pacífica e eficaz.