Salvação

Os deuses gregos, egípcios, nórdicos, os orixás africanos, entre outros, desceram à terra para saberem o que é sentir: raiva, amor, medo, paixão, desejo, o que seja, para que assim pudessem compreender o ser humano e ajuda-lo a alcançar sua plenitude, da mesma forma com Jesus, e até mesmo com Lúcifer, que não foi expulso do paraíso como dizem, optou por ficar perto dos humanos, sendo mensageiro dos céus, sendo capaz de sentir e entender o desejo dos homens, há um filme lindo que traduz bem essa questão, Cidade dos anjos, onde alguns anjos decidem abrir mão do reino celestial para viver uma vida terrena, curta e mortal, apenas para poderem sentir a experiência humana, a questão é justamente essa, se estamos nessa vida para sentir tudo o que podemos e aprender com isso, o que até mesmo as divindades fizeram para compreender a dimensão do ser, porque optamos por evitar, a dor faz parte da experiência, assim como o amor.

A experiência humana é a razão da existência de deuses, demônios, santos e pecadores, será que poderemos um dia entender tudo isso, será que seremos capazes de compreender que é por essas vivencias que poderemos crescer e ascender?

Voltando ao imaginário dos deuses, acredita-se que primeiro Lúcifer, por estar mais próximo dos humanos, acreditou que esses deveriam ter o conhecimento das coisas do universo, por essa razão é chamado de estrela da manhã, que traz luz à humanidade, no entanto, por esse entendimento de Lúcifer não ter sido compreendido, lhe foi proibido fornecer esse conhecimento aos homens, depois, ao melhor refletir e na tentativa de entender a dimensão dos sentimentos dos homens, Cristo desceu à terra, e com sua vinda o conhecimento sobre a evolução do espírito e crescimento interior foi disseminada, quem estivesse disposto a compreender e viver sua palavra atingiria a salvação de sua alma.

Foi necessária sua vinda à terra para que pudesse experienciar a vida humana, suas fraquezas, seus amores, seus temores e assim compreender como e o porquê de esses seguirem maus passos, cometerem pecados. Compreender o desconhecimento humano quanto às coisas do universo. Com sua vivência por 33 anos sofrendo, amando, ele pôde iniciar o processo de disseminação de informação, passar o conhecimento aos homens de como eles, por si mesmos, poderiam obter a salvação, o bem e o mal estão no ser humano, apenas nele, não nos deuses ou nos céus.

Cristo precisou experienciar a humanidade em toda sua fraqueza espiritual e dualidades sentimentais, experimentando raiva, desespero, amor, tesão, compreendendo o que tais sentimentos e emoções causam na vida humana, por esse motivo ele pede a seu pai que os perdoasse pois eles não sabiam o que faziam, não havia compreensão humana quanto a como seus atos afetavam sua vida divina e todo o desenvolvimento do universo, ele veio para que ele mesmo e o pai compreendessem o que é ser humano e para mostrar a esses que poderia ser diferente, que somente pelo amor, compaixão, caridade e compreensão, o espírito humano poderia evoluir e seguir seu caminho à vida eterna.

Nos fazem acreditar que Jesus morreu para nos salvar, o que não é, nem de longe, a realidade, a morte dele representou tudo pelo que devemos lutar e vigiar em nós mesmos, o julgamento do outro, o preconceito ao que difere de nossos pensamentos, nossas crenças limitantes, nosso anseio pelo controle, ao fanatismo, ao individualismo, sua morte, em toda sua extensão, reflete e continua refletindo, quem e o que não devemos ser.

A vinda e vida dele que mostrou e ainda hoje mostra o caminho para a salvação, seu amor pelo outro, o acolhimento de suas dores e seus temores, sem importar quem fosse ou o que possuía, sem importar sua aparência ou preferência, sem importar sua crença ou até mesmo sua descrença, com empatia genuína, desapego às coisas do mundo, verdade em seus atos e palavras, caridade e humildade, sem humilhação. Por seus feitos, sua vinda e sua vida são os exemplos mais claros do profundo amor dos céus pelos homens, pois nos mostra que não estamos sós e mesmo com todos os males, dores e sofrimento aos quais podemos ser expostos, se mantivermos nossos corações puros e abertos para amar e sermos amados, mesmo que morramos continuaremos eternamente nas mentes e corações de quem importa e se importa, esse é nosso legado, é o que verdadeiramente importa.

Não são os deuses que punem ou elevam, não é o inferno ou o céu que nos espera, nós com nossa compreensão do amor e de que somos parte do todo, cocriadores de tudo que partilhamos, que vivemos o divino que existe dentro de nós, alcançaremos a paz e certeza de que a vida como conhecemos é um meio, um caminho para a descoberta de nosso ser e do todo que nos cerca, para o alcance do “paraíso” recôndito da alma, ou, por desconhecimento de nós mesmos, por falta de compreensão e amor, vivemos num ciclo infinito de dor, ódio, desconexão e transformamos nossa existência eterna no “inferno”, mergulhando na mais profunda escuridão de nossa própria consciência.

Não tenho intenção alguma de comparar os seres terrenos aos deuses, nem de longe, apenas tenho que suas experiências terrenas nos servem para mostrar que podemos, se quisermos, nos aproximar deles e de nós mesmos.

Nossas mazelas, são provocadas por nós e somente nós, por nós, temos o poder de alcançar a salvação, os deuses, santos, avatares, guias, protetores, entidades, mensageiros e senhores, podem apenas nós guiar, iluminar nossa escuridão, nos mostrar o caminho da salvação, mas somos nós que precisamos nos levantar e seguir com nossa mente aberta ao que realmente importa, que é viver o pede a alma e o coração.