O penetra

Penetra: Aquele que entra em uma festa sem ser convidado, ou se auto-convida

Teria sido esse o caso do ex-presidente que se disse convidado para a posse do presidente americano?

Essa situação envolvendo o ex-presidente que afirmou ter sido convidado para a posse pode ser interpretada de várias formas, dependendo do contexto e da veracidade dos fatos.

Se não houve um convite formal, feito pela Casa Branca e documentado, mas ainda assim o ex-presidente comparecer ou sugerir que tem a intenção de comparecer, isso poderia, sim, ser considerado uma forma de "penetra" — no sentido coloquial da palavra. Contudo, no ambiente diplomático e político, questões como essas podem ser mais sutis e envolver mal-entendidos ou até mesmo estratégias de comunicação.

O ex-presidente brasileiro afirmou ter recebido um convite para a posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, prevista para 20 de janeiro de 2025, em Washington. Através da midia ele disse que expressou sua honra pelo convite e mencionou que seu advogado já solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a devolução de seu passaporte, atualmente retido, para que possa comparecer ao evento.

Na verdade, o que houve foi a compra de um ingresso para o Baile Hispânico de Posse do Trump que é o evento para o qual o ex-presidente brasileiro diz ter sido convidado.

Esse evento, organizado por assessoria próxima do presidente americano eleito, reunirá políticos, empresários e artistas em um hotel de luxo de Washington.

De acordo com a Reuters, serão ao menos 18 festas de gala em Washington entre o fim de semana e a segunda-feira da posse, três das quais são consideradas oficiais e com expectativa da presença de Trump.

Ainda assim, os advogados do ex-presidente afirmaram que ele foi convidado para a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, no Capitólio, que ocorrerá dia 20 de janeiro de 2025.

Na realidade,entre as muitas festas de gala, o evento para o qual Bolsonaro afirma ter sido chamado é o chamado Baile de Posse Hispânico.

O Baile de Posse Hispânico é um evento voltado para a comunidade hispânica nos Estados Unidos.

De acordo com o site oficial do baile, o encontro tem como objetivo inspirar parcerias, unir divisões e traçar um caminho que fortaleça o país.

A festa está marcada para o dia 18 de janeiro, dois dias antes da posse oficial de Trump. O baile deve contar com a presença de políticos, empresários e artistas.

Os ingressos para o baile foram vendidos por US$ 250 (R$ 1.520), a se realizar em um hotel de luxo em Washington D.C.

Contudo, a participação do ex-presidente brasileiro em qualquer evento fora do Brasil, o que inclui esse cerimonial, enfrenta obstáculos legais. Desde fevereiro de 2024, seu passaporte está retido por determinação do ministro Alexandre de Moraes, no âmbito de investigações relacionadas aos atos de 8 de janeiro de 2023. Pedidos anteriores para a devolução do documento foram negados pelo STF, o qual considera a medida necessária para evitar possível evasão durante o andamento das investigações. Diante disso, a solicitação feita pelos advogados foi avaliada pela PGR (Procuradoria Geral da República), a qual recomendou negar. Ato contínuo, como era de se esperar, o pedido foi negado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Além disso, circulam informações falsas nas redes sociais alegando que Donald Trump teria concedido um passaporte diplomático a Bolsonaro para facilitar sua ida aos Estados Unidos. Essas alegações foram desmentidas, uma vez que a emissão de passaportes diplomáticos é competência exclusiva do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, e não de presidentes estrangeiros. Ou seja, a pataquada envolvendo esse político continua, mesmo que isso o ridicularize ainda mais.

Parece mesmo é que o ex-presidente brasileiro, seus familiares e todos os fanáticos que o adulam não perdem a oportunidade de serem ridículos.

Portanto, apesar do alegado convite, a presença do ex-presidente brasileiro na posse de Donald Trump dependia de uma decisão favorável do STF quanto à liberação de seu passaporte, cuja avaliação do pedido já ocorreu como dissemos acima, e foi negado. Sem essa autorização, sua participação no evento permanece incerta, ou melhor, não ocorrerá. O STF por sua vez, afirma que a defesa não apresentou convite formal da Casa Branca, e ainda vê risco de fuga do ex-presidente, cujo passaporte está retido por suspeita de tentativa de golpe de Estado.

De qualquer jeito, pela forma, ou pela escolha de como o ex-presidente quis reaver seu passaporte, podemos considerar tosca, infantil e ridícula, dando chance para que seus adversários considerem esse fato como uma boçalidade sem precedentes não é mesmo?

A forma como o ex-presidente brasileiro escolheu conduzir o pedido de devolução de seu passaporte — especialmente associando isso a um evento de grande simbolismo, como a posse de Donald Trump — pode, de fato, ser interpretada como uma estratégia arriscada, e o foi. Isso porque misturou um tom de urgência pessoal e um contexto político internacional, deixando margem para críticas tanto no âmbito jurídico quanto no político.

Se considerarmos o impacto político dessa abordagem, ela pode ser vista como:

1 - Infantilidade e Exagero: A conexão direta entre a necessidade de comparecer à posse e o pedido de restituição do passaporte pode soar exagerada para muitos. Adversários podem ridicularizar essa urgência como uma tentativa de autopromoção.

2 - Boçalidade Percebida: Ao criar um motivo que parece desproporcional à gravidade de sua situação jurídica — considerando que há investigações sérias em andamento —, a atitude pode ser vista como inadequada, reforçando a ideia de que ele subestima os processos legais.

3 - Abertura para Críticas: Tal postura dá munição aos opositores, que podem interpretar a atitude como mais uma demonstração de desconexão com a realidade política e jurídica.

Em termos de percepção pública, essa movimentação pode polarizar ainda mais opiniões. Aqueles que apoiam o ex-presidente podem enxergar nisso um gesto simbólico de alinhamento com Trump e o conservadorismo internacional. Já os críticos podem interpretar o episódio como um exemplo de falta de seriedade ou como uma provocação intencional às instituições brasileiras.

Se a intenção era chamar atenção para a situação, o objetivo foi atingido, mas ao custo de ser alvo de críticas ferrenhas.

Podemos mesmo associar esse fato com a tentativa de "surfar o momento", buscando estar na mídia, qual seja, permanecendo com sua aparição pública, sem se importar muito com a ridicularização que possa estar sujeito. O fato é que, se eu manifestar minha opinião sobre isso, estarei também alimentando a intenção desse cidadão de continuar "surfando na mídia" CORRETO?

Exatamente. Qualquer manifestação pública sobre o comportamento de uma figura política, mesmo que crítica, pode acabar contribuindo para a visibilidade dela. É uma dinâmica que muitos políticos e figuras públicas conhecem bem e utilizam estrategicamente. Ao gerar polêmicas, mesmo que pareçam improdutivas ou absurdas, eles conseguem manter o nome em circulação, alimentando discussões e reforçando sua presença na mídia.

Essa tática de "surfar o momento" tem como base a ideia de que, na era da comunicação instantânea e das redes sociais, a visibilidade é um recurso valioso. Independentemente de ser positiva ou negativa, a exposição pode ajudar a:

1 - Mobilizar a base de apoio: Manter seus seguidores engajados e alinhados, reforçando uma narrativa de perseguição ou injustiça.

2 - Ofuscar outros temas: Reduzir o foco de questões mais graves, desviando a atenção para algo aparentemente trivial.

3 - Impor uma narrativa de resistência: Colocar-se como protagonista de uma história de luta contra adversários ou sistemas.

Por outro lado, ignorar completamente essas situações pode ser frustrante para quem as vê como um desrespeito às instituições ou como um desserviço ao debate público. É aí que reside o dilema: criticar pode reforçar a estratégia de "surfar a mídia", mas o silêncio pode ser interpretado como complacência.

Se você deseja evitar contribuir para a visibilidade desse tipo de estratégia, uma abordagem possível é redirecionar o foco da discussão para temas de maior relevância ou consequências mais diretas, evitando engajar diretamente com o comportamento que considera inadequado. Assim, você pode expor sua posição sem amplificar a tática do "surfista midiático".

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 13/01/2025
Reeditado em 16/01/2025
Código do texto: T8240520
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