Nudes

Após o banho, costumo me examinar diante do espelho, um ritual que me permite apreciar minha maturidade crescente. Com apenas uma calcinha branca e os cabelos soltos, percebo como minha pele clara anseia pelo toque do sol, embora a praia ainda não faça parte dos meus planos.

Em um momento de introspecção, pego meu celular e decido capturar a imagem de mim mesma. A ideia é criar um álbum que me permita comparar meu eu atual com o que serei daqui a 22 anos, quando completar 44 primaveras. Uma série de perguntas surge em minha mente: "Como estarei? A beleza ainda estará ao meu alcance? Meus seios manterão sua firmeza? Meu marido ainda encontrará prazer em mim?"

Confesso que aprecio a vivacidade da minha juventude, mas a ideia de envelhecer não me assusta. Ao contrário, vejo isso como uma jornada natural. Tenho amigas que temem o passar do tempo, associando a velhice a uma perda de beleza; no entanto, eu não enxergava minha avó como feia aos 80 anos.

Por que me preocupar com o desejo do meu marido quando ambos estaremos na mesma fase da vida aos 44? Dizem que enquanto os homens amadurecem com o tempo, as mulheres enfrentam o envelhecimento. No entanto, essa é uma visão simplista e redutiva da experiência humana.

Tantos nudes armazenados em meu celular: os meus, os dele e os nossos juntos. O que nos leva a registrar esses momentos de vulnerabilidade e intimidade? No tempo da minha avó, essa prática não existia; mas será que isso realmente importa? A beleza do corpo e da alma transcende as épocas e se reinventa com cada nova geração.

Assim, sigo refletindo sobre o efêmero e o eterno, celebrando cada fase da vida com graça e serenidade.