Sarau Minas de Poesias: Quando a Literatura Ganha Corpo, Voz e Alma

Há um lugar onde a poesia não mora apenas nos livros — ela caminha entre as pessoas, toma o microfone, enche os olhos de quem ouve e transforma a sala em palco de emoção. Esse lugar se chama Minas de Poesias, um sarau literário que nasce do desejo profundo de celebrar a riqueza da literatura mineira em sua forma mais viva: o encontro.

Realizado na Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, no coração pulsante da Praça da Liberdade, o sarau é um espaço de confluência, de trocas e afetos literários. Aqui, consagrados e iniciantes dividem o mesmo palco. Poetas, escritores, estudantes, professores, leitores apaixonados e curiosos se unem em um movimento que vai além do evento: é uma ação cultural contínua, comunitária, e, sobretudo, humana.

O Minas de Poesias é feito de gente. Gente que acredita que a literatura não deve estar enclausurada em prateleiras ou academias — ela deve respirar. E por isso, convidei a escritora e ativista cultural Úrsula Avner para coordenar o projeto junto comigo. Também contamos com a parceria valorosa da AJEB-MG (Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil – seccional Minas Gerais), que contribui com performances poéticas teatrais e com a mini feira literária que integra o sarau.

Apoiando com dedicação e talento, o Buffet Dream Fest, da escritora Delaine Siuves — minha esposa — também se soma à realização do evento, e nosso filho, JP, empresta seus ouvidos atentos e sensibilidade à sonoplastia, garantindo que cada verso ecoe com a intensidade que merece. Somos uma família que vive e acredita na força da arte.

O sarau já contou com a presença de nomes de peso da cena cultural mineira. A jornalista Brenda Marques Pena, da TV Minas, trouxe reflexões potentes sobre “Coletivos Poéticos e Publicações Independentes”. Mhorgana Alessandra, vice-presidente da Academia Mineira de Belas Artes – AMBA- abordou o tema “Mulheres e Quadrinhos” com sua força criativa. Já Mairaluz Branquinho nos conduziu pelas delicadezas e camadas do universo literário e gráfico em “Entre Linhas & Balões”. Recebemos ainda o artista plástico internacional “Herivelton Silva”, Chanceler das Artes, com o painel “Arte como Linguagem Universal da Paz”, e tivemos a honra de celebrar o lançamento do livro “Alma em Pânico”, da escritora Maria Delboni, em nossa quarta edição.

E neste mês, em nossa 5ª edição, receberemos com alegria Mara Vasconcelos, neta do escritor Agripa Vasconcelos, que trará o painel “Agripa Vasconcelos — do Poeta ao Romancista das Gerais”, resgatando memórias, literatura e identidade. Mais que uma celebração, o Sarau Minas de Poesias é um convite. Um chamado àqueles que ainda acreditam que palavras têm poder. Poder de construir, de questionar, de libertar. Em tempos de ruídos e pressas, sentar-se para ouvir um poema é um ato de resistência e, claro, de afeto.

O sarau nasce com esse espírito: sem verbas, sem pretensões grandiosas, mas com um ideal robusto e uma entrega sincera. Queremos promover o pensamento crítico, inspirar os jovens, valorizar os clássicos e dar voz aos contemporâneos. E queremos fazer isso a partir de Belo Horizonte — metrópole efervescente, coração criativo de Minas Gerais, onde a literatura encontra um terreno fértil entre a modernidade de uma capital que pulsa arte, pensamento e diversidade. Daqui, projetamos nossa voz para todos os cantos do Brasil.

O Sarau Minas de Poesias é, antes de tudo, um abraço entre gerações e estilos, entre tradição e inovação. É o lugar onde Drummond se sentaria ao lado de uma jovem poeta do Aglomerado da Serra. Onde a literatura não é só falada — é sentida.

Não poderia encerrar sem registrar nossa gratidão à Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, que nos acolhe com tanto zelo em cada edição, tornando esse encontro possível. E um agradecimento especial à Gislene Meireles, produtora cultural do Teatro José Aparecido de Oliveira, que está conosco desde o início — com sua presença firme, sensível e sempre pronta a colaborar com a produção. Gislene é dessas presenças silenciosas e potentes que fazem toda a diferença.

O próximo passo? Continuar. Crescer. E construir, com cada leitura, cada aplauso, cada lágrima silenciosa depois de um poema lido, um portfólio que traduza esse movimento. O sarau veio para ficar. E, se depender de nós, será semente para muitos outros brotarem por aí.

Paulo Siuves
Enviado por Paulo Siuves em 17/04/2025
Reeditado em 17/04/2025
Código do texto: T8311926
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