Na Escuridão
Na escuridão da noite, um mistério pairava sobre a pequena vila de São Miguel. As ruas estavam desertas, apenas o som do vento cortando as árvores podia ser ouvido. Um silêncio perturbador que fazia os moradores se perguntarem o que estaria escondido nas sombras.
Uma jovem chamada Sofia caminhava pelas ruas, seu coração batendo forte no peito enquanto ela tentava ignorar a sensação de que estava sendo observada. Ela apertou com força o crucifixo que carregava no pescoço, buscando conforto na sua fé.
De repente, um som estranho quebrou o silêncio. Sofia parou abruptamente, olhando ao redor com os olhos arregalados. Ela tentou se convencer de que era apenas sua imaginação, mas algo dentro dela sabia que não era o caso.
Decidida a descobrir a origem do som, Sofia seguiu na direção de onde ele parecia ter vindo. A cada passo, seu coração batia mais rápido, a adrenalina correndo pelas veias. Ela sabia que estava se metendo em algo perigoso, mas sua curiosidade era mais forte.
As ruas estavam escuras, apenas a luz fraca dos postes iluminava seu caminho. Sofia podia sentir o medo se apoderando dela, mas ela se forçou a continuar. Ela não podia mais ignorar o chamado misterioso que a impelia para frente.
Finalmente, ela chegou a uma casa abandonada no final da rua. As janelas estavam cobertas de poeira e teias de aranha, o telhado desabando aos poucos. Sofia hesitou por um momento, sentindo um arrepio na espinha.
Mas então, o som estranho ecoou mais uma vez, fazendo-a estremecer. Com determinação, ela empurrou a porta enferrujada e adentrou a escuridão.
A escuridão era quase palpável, envolvendo-a como um manto gelado. Ela mal conseguia enxergar um palmo à sua frente, mas continuou avançando, seguindo o som que parecia vir de uma das salas da casa.
Finalmente, ela chegou a uma porta entreaberta. O som vinha claramente de dentro, um murmúrio baixo e ininteligível. Com o coração na boca, Sofia empurrou a porta e entrou na sala.
O que ela viu a deixou sem fôlego. No centro da sala, uma figura encapuzada estava de pé, murmurando palavras em uma língua estranha. Velas estavam acesas ao redor dela, lançando sombras dançantes pelas paredes.
Sofia sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela estava diante de algo sobrenatural, algo que desafiava a lógica e a razão. Ela queria fugir, mas alguma força estranha a mantinha presa no lugar.
A figura encapuzada se virou lentamente na direção de Sofia, seus olhos brilhando no escuro. Uma sensação de angústia a envolveu, ameaçando sufocá-la. Mas então, a figura estendeu a mão em sua direção, sem dizer uma palavra.
Sofia viu algo nos olhos da figura, algo que a fez questionar tudo o que sabia sobre o mundo. Ela podia ver a dor e a solidão naquele olhar, a escuridão que habitava a alma daquela pessoa desconhecida.
Sem pensar, ela estendeu a mão em resposta, sentindo uma conexão inexplicável se formar entre eles. A figura encapuzada apertou sua mão com força, transmitindo uma sensação de conforto e segurança que a fez suspirar aliviada.
E assim, na escuridão daquela casa abandonada, Sofia encontrou algo que nunca esperava: compaixão e compreensão. Ela descobriu que nem tudo é o que parece, que o mistério pode esconder não apenas perigo, mas também beleza e humanidade.
E naquela noite, sob a luz trêmula das velas, ela se viu abraçando a figura encapuzada, compartilhando um momento de paz e entendimento que transcendeu as barreiras do tempo e do espaço. Na escuridão, ela encontrou a luz que tanto procurava.