DA SOLIDÃO IMPREGNADA À REPENTINA MULTIDÃO INESPERADA

Quando uma ou várias pessoas inesperadas subitamente desfazem o transe de sua já habituada solidão e a vida sofre uma transformação ansiosa, praticamente tudo em derredor se mostra estranho, diferente e até mesmo doloroso na alma. Porque sem dúvida nenhuma não ter ninguém, por mais que nesse contexto viver seja inegavelmente um sofrimento para o coração, a pouco e pouco o semelhante deixa de fazer falta, estar sozinho vai se tornando o estilo de ser nas emoções cotidianas. A partir de então os semelhantes perdem os contornos da importância.

Isso ocorre porque novos hábitos, gestos e atitudes são incorporados aos seus dias e anos. Conversar com os próprios botões, tomar as refeições, dormir e acordar em qualquer horário, jogar a camisa sobre o sofá, chorar saudoso de outroras memórias, sair para onde e se quiser, dar-se o direito de lavar o banheiro quando estiver disposto, tudo isso e muito mais se entranha na rotina do solitário. Sem perceber, ele passa a gostar da situação após passados alguns anos nessa triste condição.

Como sabemos, males e bens não são perenes, anos bons e ruins se alternam em nossa existência, o destino intervém, o tempo muda, a correnteza carrega adiante as águas do presente, o moinho se move, fazendo com que as coisas aconteçam justamente com o objetivo de bagunçar o que já se encontrava consolidado. Por conseguinte, o resultado disso altera os dias de quem não queria mais sair da solidão, de tão solidificadas que passaram a ser as emoções de uma existência ímpar. Assim é a humanidade, esse conjunto de sentimentos díspares e olhares tanto velhos quanto novos num universo contornado pelas alegrias e tristezas

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 10/05/2025
Reeditado em 11/05/2025
Código do texto: T8329159
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