Ionosfera

Parar pra pensar que este código todo, eloquente e elegante, não passa de um amontoado de eletricidade, correndo de minha massa encefálica às pontas de meus dedos, sem pestanejar em coexistir com diversas correntes paralelas por todo o perímetro corpóreo de meu envolucro natural. Milhares de micro impulsos de estímulos, convertidos nas mais abstratas formas de percepção da realidade e recortadas através da linguagem numa simplificação organizada de seu raciocínio.

De onde surge tal potencial? Somente eletricidade basta? Pois assim o assumamos. Assumamos que toda a eletricidade de nossa física primal tem em si, quando coordenada entre os entes específicos em sinais coordenados, cria toda a abstração mental da humanidade e, não contente, ainda a organiza em conjuntos de traços e sons para expressa-la além do tempo-espaço.

O que nos resta então? Nossa criatividade? Nossa história? Nossos trágicos destinos tortos? Nossos trejeitos desajeitados, sonhos, defeitos, sentimentos? Se tudo, do mais simples ao complexo, se origina das correntes potenciais, o que nos torna humanos? O que temos de especial que uma máquina, um inseto, uma tomada caseira, não tenha?

Pois do que precisamos? Tanto fizemos como centro do Cosmos, ó príncipes, meus irmãos, e aí daquele que disso duvidar, ou condenado ao exílio ou a morte será. Por diabos! O que nos torna o centro de tudo? A capacidade de alongar ideias em textos abstratos por supostos motivos artísticos? O poder de construir instrumentos complexos, usando até da própria eletricidade que nos move, para o mundo controlar? A fala? A dor? O corpo? O que nos torna o centro?

A ionosfera cobre a todos, e a todos da potencial. O desigual, visto como inferior, sofre em todos os reinos, dos átomos explodidos aos diamantes de sangue, da natureza incompreendida e do humano renegado. Lembrai que o potencial surge dos polos diferentes. Lembrai que a corrente permanece continua somente com um fluxo único. Lembrai que estas sujeito as leis do cosmos em qualquer plano que te encontres.

Lembrai do céu e da terra, e de seu encontro sagrado, ruidoso, porém portador da luz.

Ariel Alves
Enviado por Ariel Alves em 10/05/2025
Código do texto: T8329640
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