A Cobra Verde

Oh, Amambai das molecagens!

Oh, Amambai das inticadas!

Hoje, um domingo, que lembra dia de jogo do Milionários.

Dia de pobre e de gente mais abastada (outros de algumas posses).

Todos no mesmo grau de vibração.

Ia jogar o time do coração.

Mas, todos com o espírito de euforia.

As zueiras corriam soltas.

Os apelidos estavam no ar.

E , ali, na farmácia do Landolf (andar de cima) já se ouvia os murmúrios da concentração.

E o povo com o sol escaldante rumaram pra saída de Ponta Porã.

Uma passada no sr Silvestre para um sorvete.

Aí era só atravessar o pontilhão, passar pelo açougue do Lopes. Olhar ligeiro para a Delegacia do Jacinto.

Aí, lá perto do Liseu, pendia-se em uma estradinha estreita, para, logo adiante alcançar o portão do estádio.

Ai o dilema dos meninos sem renda; como entrar sem grana?

Eu ficava a esperar algum conhecido que tinha acesso fácil.

Tinha aqueles que não pagavam.

Eram pai de atletas ou tinham entrada cativa.

Ou, em última hipótese, um pulo sorrateito pelo cercado de tábuas.

Aí, lá dentro eu estava livre pra circular com ar de burguês.

Só que não me contive com o susto de uma rastejante (cobra verde) que se incursionava entre meus pés no auge de um ataque mortífero do Milionários.

Um parceiro compartilhou meu susto e disse-me: não se mexe!

Como não se mexer se o Sonilto tinha acabado de fazer um golaço!

Resultado: Milionários 2 X 0.

Aí era só fazer o caminho à pé (de volta) no auge da fuzarca pela vitória...

Machadinho
Enviado por Machadinho em 08/06/2025
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