Festa Junina

FESTA JUNINA

Fabiana Gouvêa

10/06/2025

Lembro-me das festas na escola. 11 anos entre ensino básico e médio, em sua maioria participei da festa junina. Foi no colégio meu primeiro contato com essa cultura brasileira. Gostava das brincadeiras, do bingo, das danças e principalmente das comidas. Para jogar e comer era preciso comprar as fichas, o que era muito frustrante, pois nunca podíamos brincar ilimitado. Brincadeira vem do livre, é cruel (e continua sendo) você determinar as brincadeiras devido ao custo. Ia embora da festa com sabor amargo de que não aproveitei tanto quanto desejava, nem ao menos tentava a boca do palhaço e as argolas. Corria o risco de brincar e sair mais triste porque ia embora de mãos vazias devido ao fracasso na mira, isso impedia nossa participação. Já nasci tendo que dividir, depois de seis anos, o que era em dobro triplicou, por isso, só podíamos brincar apenas uma vez. Eu escolhia a pescaria, pois era garantida a vitória.

Quando criança, nunca fui em festa na igreja, talvez por isso nunca associei festa junina com uma festa católica, apesar de dançar e ouvir o São João e Santo Antônio nas músicas.

Sou apaixonada por festa junina! A fogueira sempre estavam somente nos livros e nas decorações de papel, hoje se materializou. Quando adulta e passei a fazer parte da organização da tradição da família, a presença ilustre da luz e calor sobre a lenha passou a ser obrigatória. O som dos estalos e a beleza hipnotizante da madeira queimando, papel celofane nenhum consegue remeter. Nem mesmo outros materiais e tecnologias modernas equiparam a energia acolhedora e a junção dos povos que o fogo traduz.

São 16 anos de festa junina no interior com a família. Ressignificamos com respeito, Resgatamos o fogo e inserimos até uns marshimellows espetados nos gravetos encontrados no chão da roça, ficam uma delícia! Nossos jogos juninos são ilimitados, dançamos quadrilha e chutamos a bunda do casal da frente para valer a grande brincadeira de roda. Convidamos nossa galera, com muita ou pouca gente, a festa está sempre regada de carinho, amor, acolhimento e gostosuras. Comemos milho cozido e sentimos o cheiro de festa junina quando o cravo e a canela queimam no açúcar para fazer o vinho quente e quentão.

Saboreamos e apresentamos os sabores da terra: pinhão, caldo de mandioca e doces com muito amendoim. Mas também tem sabores da praticidade da nossa vida urbana, como o cachorro quente com catchup e batata palha.

Enquanto brigam com os tabus e com a verdade absoluta das religiões. Com julgamentos se a festa é dos santos e se é certo cultuá-los. Essa festa é minha, é nossa. Da nossa família, do nosso bairro, da nossa escola, do nosso clube, dos nossos ancestrais. Eu aproveito, me encanto e me delicio com o sabor de ser brasileira.