Flagrantes da Vida Real
Essa semana eu presenciei um cidadão perder seu tempo e manchar sua reputação (e, convenhamos, o seu interlocutor também não ficou for disso) por conta de ter se ofendido com algo que o eventual comprador disseram a ele.
O comprador disse que pelo valor X o livro estava caro. Ele achava por Y a menos numa livraria próxima. Conversa vai, conversa vem, o vendedor concordou em ofertar um desconto de metade de Y. O comprador aceitou. Depois tentou barganhar com mercadoria na troca. O que venderia dava preferência pelo dinheiro mesmo. Eis que, algumas horas depois, o vendedor foi ao local em que o comprador trabalha para declarar-se ofendido. O comprador o ameaçou na frente de seu patrão. Esse disse ao vendedor que iria conversar com o seu funcionário para resolver isso.
O vendedor voltou dali algum tempo à loja para se retratar. Foi bem atendido e tudo ficou certo (entre ele e o empreendedor.)
Mas o irônico da situação é que o livro que seria vendido era "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas", de Dale Carnegie. Creio que se o que pretendia vendê-lo tivesse lido bastante esse livro antes, teria dado uma controlada em seu Ego. Deixando a ofensa para lá. Ou rompido o contato com o comprador de um modo mais frio, discreto (a meu ver o ideal a ser feito, como ele faz com várias pessoas). O problema é que nem todo mundo que lida com ofensas quase todos os dias se tornou refratário a elas. Por algum motivo muito pessoal, claro, claro.
O rapaz que o ameaçou pode ter achado que o outro se retratou por medo da ameaça. Mas eu penso diferente. Já vi muito malandro aconselhando as pessoas a tomar cuidado é com os que fingem não se importar com as ofensas alheias. O vendedor se desculpou, reconheceu seu erro, em toda a extensão da confusão criada. Já o comprador pode estar achando que o assustou. Mas não. A vida nos ensina muitas coisas. Uma delas é a reconhecer nossos erros para não criarmos mais problemas do que cada dia já traz. Já aos outros, cabe decidir se vai se manter ofendido e sustentar sua reação inadequada (a de responder com ameaças ou na mesma moeda). Aprendi muito com quem responde tranquilamente às minhas críticas carregadas de indignação. Quando Você responde de modo calmo, tranquilo e racional à toda ofensa ou provocação que lhe fazem, certamente Você desmonta a pessoa. Lamento muito que o sujeito com cara de rato não tenha feito isso. Ele teria ganhado o respeito do vendedor (como muitas pessoas assim o fizeram muito antes).
(Ano passado eu tive de lidar com um parente consanguíneo dificílimo de lidar. Carreguei muitas mágoas dessa pessoa. Hoje já não. Um pouco de mágoa sempre fica, claro. Mas eu prefiro é desprezar esse tumor humano e seus filhos interesseiros. Porque assim dói mais...)