Imigração Italiana celebrar e honrar essa rica herança que nos une
Há 150 atrás o Brasil recebia seus primeiros imigrantes italianos, mais precisamente no Rio Grande do Sul, em 1875 desembarcaram na cidade de Farroupilha, cuja, na época era conhecida como Nova Milano.
Uma crise econômica em seu país de origem, procura de melhores condições de trabalho e a oferta de mão de obra nos cafezais brasileiros foram algumas das motivações para a chegada dos italianos, que inclusive foram os fundadores de diversas cidades do nosso estado. Além de Farroupilha, Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi, entre outras, que possuem grande influência italiana.
Em poucos anos mais de 100 mil imigrantes italianos chegaram ao estado, a grande maioria de famílias camponesas, acostumadas com a lida no campo.
Atraídos pela promessa de terra e fartura, ao chegarem foram usados para substituir a mão de obra escrava. Na região da primeira colônia começaram a plantar, milho, trigo e as videiras, também deram início a produção de salame, queijo e embutidos.
A grande imigração de 1875 saiu de cidades como Vêneto, Lombardia e Trentino.
O início da vida dos italianos foi de adaptação à terra, aos costumes e à língua, almejando um futuro de trabalho e riqueza. No entanto, os imigrantes italianos passaram por muitas dificuldades, enfrentando até mesmo falta de alimentos por conta da distância entre as cidades.
Na época a mata sedia o solo para agricultura que priorizava as produções de subsistência, como milho, feijão, arroz, mandioca, hortaliças, entre outros. As plantações de videira para produção de vinho.
A luta contra a pobreza e a fome tornaram os imigrantes obstinados pelo trabalho, construindo desta forma sua primeira identidade.
A cultura do vinho se tornou destaque na serra gaúcha, tornando cidades como Bento Gonçalves famosas na produção da bebida e visitada por muitos turistas ao longo dos anos.
Hoje a estimativa é de que mais de 30 milhões de brasileiros sejam descendentes de italianos, sendo a maior colônia fora da Itália.
Não poderia deixar de homenageá-los nestes 150 anos.
Quando meu avô paterno faleceu eu tinha em torno de 5 anos, segundo minha avó o seu pai, meu bisavô era um imigrante Italiano. Contava que os Cremonese vieram da região da Lombardia, de uma cidade chamada Cremona, o que também pude me certificar no Livro Mar Incógnito, do escritor Santacruzense Aidir Parizzi.
Parizzi cita também grandes nomes da música na Itália e uma especiaria da culinária italiana muito conhecida e apreciada pela família de meu falecido pai. A copa, produzida com carne suína e sal.
Aliás, a gastronomia italiana é reconhecida ao redor do mundo pela fartura e riqueza de sabores.
A bela polenta com molho de manjericão e queijo parmesão acompanhada de salada de radicci. Pastas, risotos, canelones e ravioles, molhos à bolonhesa. O hábito de comer pizza, panetone, polenta frita. Pratos típicos, muitas vezes degustados com uma taça de vinho e ao som da tarantella, um dos estilos musicais típicos da Itália.
“Quando se pianta la bella polenta, la bella polenta se pianta così” e “la verginella” são algumas músicas que marcaram minha infância. A lasanha de domingo na casa da vó, era disputada.
Tradições que passam de geração em geração e que me trazem boas lembranças.
A cultura italiana se faz presente na nossa mesa, na nossa música, na nossa língua, nas roupas, na cultura das grandes vinícolas da serra gaúcha. Destaca-se na arquitetura, casas de madeira, de pedras e com porões, também moinhos construídos de forma artesanal para produzir farinha, simbolizando a história da imigração italiana no estado do Rio Grande do Sul e que pude ver de perto quando criança.
A contribuição dos imigrantes italianos é extensa e significativa em todos os setores da sociedade brasileira. Com introdução de novas técnicas agrícolas, a valorização do trabalho e a criação de empresas familiares, as celebrações com a família reunida e mesa farta.
Causaram mudanças profundas no modo de vida dos brasileiros, também por influência do catolicismo, artes e especialização dos trabalhadores.
Nas óperas, no automobilismo e na literatura, a cultura italiana também se faz presente.
Remanescentes dos imigrantes da época pode haver poucos ainda, mas a nossa descendência permanece viva nas tradições de uma das culturas mais bonitas do mundo.
“Viemos plantar a semente na terra de todos.
Aqui chegamos em naves e notas de dissonante desatino.
No amanho desta gleba nasceram esperança e prole”.
(José Eduardo Degrazia - Lavra Permanente - 1975)