HERRAR É UMANO

ERRAR É HUMANO

Nelson Marzullo Tangerini

Em 1996, publiquei um livro de sonetos, Dona Felicidade, de meu pai, Nestor Tangerini, pela Editora Achiamé, do Rio de Janeiro.

Hoje, 22.08.2007, descubro, ao ler o “Álbum Cine Literário Éden”, Niterói, RJ, 1928, que o belíssimo soneto Profissão de fé não é de Nestor Tangerini, mas, sim, de R. L. Varon.

Varon, poeta niteroiense, foi membro da Roda do Café Paris, da qual faziam parte Nestor Tangerini, Lili Leitão, Mazzini Rubano, Olavo Bastos, Mayrink, Apollo Martins, Luiz de Gonzaga, René de Medeiros, Brasil dos Reis, entre outros.

Meu pai recomendava aos três filhos:

“ - Sejam honestos como eu sempre fui.”

Cumprindo um pedido do velho Tangerini, publico, nesta crônica, o referido soneto de Varon, de quem não tenho informação alguma, até o presente momento, como prova de minha honestidade.

Ei-lo:

PROFISSÃO DE FÉ

Pelo meu sonho, a Vida!, até o momento extremo

embora me apedreje a multidão abjeta

aqueles que não vêem esse clarão supremo,

que ilumina e requeima um cérebro de Poeta...

E, portanto, bendigo o Ideal, a que me algemo...

Não abala o temor da destruição completa...

se acaso choro e rezo e maldigo e blasfemo,

é conquistando em tudo a desejada meta...

E, se um dia tombar na ânsia que me devora,

seja altivo e enroupado em visões que não domo

bradando “hurrah”!, na voz que a garganta estertora.

E, martelando a Idéia, onde o esforço não medra,

morro – vencido, sim – mas vigoroso como

um mineiro e esmagar-se entre blocos de pedra!

Republico este soneto porque devo uma satisfação a Niterói, a seu povo e aos pesquisadores da história literária da cidade fundada pelo Cacique Araribóia.

O soneto Profissão de fé foi publicado no jornal Nova Gazeta - Semanário, Coluna: Literária, pág. 8, Ano XIII – no. 630, Montijo, Portugal, sexta-feira, 23 de agosto de 2002, e novamente publicado no mesmo jornal, Coluna: Versejando..., pág. 10, Ano XIV, no 656, Sexta-feira, 21 de fevereiro de 2003, como sendo de Nestor Tangerini.

“Errar é humano”, diz o velho ditado, e o cronista que vos escreve já está enviando este texto para o jornal português, para que o periódico faça a devida correção.

Nelson Marzullo Tangerini, 52 anos, é escritor, poeta, compositor, jornalista, fotógrafo e professor de Língua Portuguesa e Literatura. É membro do Clube dos Escritores Piracicaba, clube.escritores@uol.com.br , onde ocupa a Cadeira 073 – Nestor Tangerini.

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 10/02/2008
Código do texto: T853155