UM SENTIMENTO CHAMADO CORINTHIANISMO

13 de outubro de 1977, o dia em que me tornei corinthiano

Internado num hospital por cair de uma árvore, naquela noite fui surpreendido por um foguetório ensurdecedor. Menino ainda, demorei para compreender o que estava acontecendo, até que um paciente me disse que era gol do Basilio. Mas quem é esse Basilio? – perguntei. Ele simplesmente me olhou, afirmou com toda a convicção que eu seria corinthiano e um dia iria compreender. Dito e feito! E o que se comentou ao final da partida é que o Corinthians finalmente havia sido campeão, depois de quase 23 anos sem títulos. Fiquei empolgado e, ao receber alta, ganhei uma camisa. Foi o início de uma paixão. Não, paixão é pouco para definir o sentimento que se apossou de mim. No meu universo colorido, parecia haver somente duas cores: o preto e o branco. Bendita árvore que cruzou o meu caminho e me impediu de torcer para outro clube. Deus me livre!

É diante dos perigos, das adversidades da vida que se aprende a ser corinthiano. Como é bom ser sofredor, o sabor da vitória é mais doce no final, infinitamente mais saboroso. Ser corinthiano não é simplesmente gostar de futebol, mas respirar, viver intensamente esse time, uma força motriz capaz de quebrar paradigmas e protocolos, lançar moda e criar cultura, unir povos. Também gera rivalidade, é claro, mas que graça teria se o futebol fosse unilateral? Corinthianismo é um sentimento que se adquire desde pequeno, tão marcante que deveria vir como marca de nascença, um órgão essencial para a sobrevivência e a continuidade da espécie. Talvez essa seja a melhor definição. O Corinthians é uma parte do próprio corpo humano, uma artéria do coração, a melhor metade da alma: o amor. Um amor que cresce a cada segundo e que até assusta. Enquanto existir o Corinthians, haverá o amor. E como o amor jamais acaba, o Corinthians também é infinito, e infinita é a sua grandeza.

Geração após geração, vão se os ídolos, os torcedores, mas a história permanece. E a história do Sport Club Corinthians Paulista é regada de conquistas. Mas qual é a mais importante? Impossível responder, a melhor ainda está por vir. Mas, para mim, a que está estampada em letra maiúscula na memória é aquela de 13 de outubro de 1977. Afinal, foi assim que eu me tornei filho dessa imensa nação alvinegra.

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José Donizetti Morbidelli
Enviado por José Donizetti Morbidelli em 16/12/2005
Reeditado em 01/09/2013
Código do texto: T86604
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