A vida é uma viagem sem volta.

Quando criança fazia planos de viver uns oitenta ou noventa anos, mais ou menos. A infância se foi em ternas memórias. A juventude me passou qual um redemoinho e a maturidade me deu marcas indeléveis adquiridas na luta pela vida. A meia-idade hoje me pega de surpresa. Não contava em minhas antigas previsões com a possibilidade do desgaste físico, a decrepitude orgânica que as inconseqüências de uma vida pouco regrada me traria. Se você consegue tornar-se um longevo, não quer dizer que terá saúde suficiente para gozar esta etapa de sua vida. Isso depende das suas determinantes genéticas, dos seus hábitos e costumes, do seu estado emocional e do meio econômico e social em que vive. Uma gripe me prostrou há alguns dias e seus sintomas, que há anos atrás não me fariam tantos males, me puseram em pânico. A dispnéia pelo excesso de secreção nos brônquios me remeteram ao desespero de quase-morte por afogamento, vivenciado aos quinze anos de idade em um açude na Paraíba. A artrite e as hérnias de disco vertebral me proporcionam diuturnamente a minha cota diária de dor nesse mundo. A surdez me chega aos poucos pelos tímpanos perfurados por otites médias catarrais crônicas decorrente de rinite alérgica persistente. A visão já não me satisfaz, mesmo com essas lentes constantemente atualizadas pelo oftalmologista. A obesidade por gula, devida à ansiedade; devida, também, ao sedentarismo de um trabalho meramente burocrático, estão me acabando. Já atravessei o Cabo da Boa Esperança do meu trajeto de vida. Vou devagar, quase parando. Vou ver se fico dando voltas e retardando a viagem. Esse é o tipo de jornada que ninguém quer chegar ao final!
Edmar Claudio
Enviado por Edmar Claudio em 22/02/2008
Reeditado em 04/06/2008
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