ABAIXO A ADOLESCÊNCIA

Ser criança é ter tudo permitido, tudo poder, tudo ser lindo.

Ser adulto é tudo estar correto, tudo julgar, tudo saber.

E quanto ao adolescente?

Apertamos as bochechas de uma criança com prazer e fitamo-lhes os olhos com admiração.

O adulto apertamos as mãos com respeito e fitamos-lhe os olhos outorgando sabedoria.

E para o adolescente? Ah! Esse não encaramos não, olhamos para ele sempre de viés, julgando suas roupas um absurdo, seus cabelos um desacato e suas espinhas na cara uma aberração (embora mesmo sendo adultos ainda podemos ter uma quantidade considerável de espinhas na cara, porém, elas neste caso são apenas um desequilíbrio hormonal).

A criança nos responde mal e achamos lindo, e saímos contando para todos a malcriação do pequeno com muito orgulho. O adolescente nos faz questionamentos que servem para o enriquecimento dele e reflexão nossa, mas atribuímos aquele ato como uma atitude desafiadora e contra atacamos em seguida, com atitudes predatórias.

Portanto, melhor seria não termos este período intermediário entre certo e errado (entre a criança aceitar o que somos e o que o adolescente questiona sobre nossas verdades e o nosso caráter).

E assim passaríamos a responder e delegar de forma autoritária os nossos filhos enquanto eles são crianças até os 21 anos e depois disso os soltaríamos no mundo (já tendo eles recebido o título de adulto) sem passarmos por aquele desagradável período intermediário do questionamento de nós mesmos. E, sendo eles já adultos, arcariam com toda a responsabilidade por suas vidas e seus atos, nos isentando de termos que reconhecer que não somos tudo, não sabemos tudo, e que os invejamos por essa liberdade agressiva e questionadora.