Sobre a valorização da vida.

Há poucos meses estive no velório de uma mulher jovem e cheia de alegria. Mãe de um filho lindo. Irmã do marido de uma prima, a quem também considero primo. O acidente chocou a todos que a conheciam. Em mim ocasionou o silêncio. Pouco falei ou quis ouvir sobre o ocorrido. Quando não entendo bem um fato dessa natureza; quando a vida cessa em alguém que parecia tê-la em abundancia não tenho o que falar. O assunto surgiu agora naturalmente, pois lembrei do que me disse a mãe que acabara de perder a filha quando a abracei. Não vou me alongar descrevendo essa senhora a quem respeito e gosto muito, pois o que ela me disse dispensa uma descrição detalhada. Pois bem, quando fui oferecer a minha solidariedade recordo perfeitamente o que ela me falou: - Veca, aproveite que a vida é muito curta.

A generosidade de Dona Helena foi revelada nessa frase. Ela sofria, mas pedia para que as pessoas vivessem com mais intensidade. Não sei precisar a data, mas sei que eu estava triste nesse período. Um sonho bonito havia se desfeito. Aquele momento mudou o meu modo de encarar a vida. Ainda sofri e sofro, mas aprendi que a vida é tão preciosa que não devemos deixá-la passar cultuando perdas ou com excessos de precauções. Vale aceitar o convite quando ele é irresistível. Pode ser que não se repita. O que não vale é a autodestruição. Porém, momentos felizes devem ser vividos sim. E se trouxerem algum sofrimento, ainda assim, devem ser aproveitados, desde que os danos não sejam irreparáveis. Não estou falando de irresponsabilidades, nem de falta de respeito. Pelo contrário, falo de amor às pessoas e à vida. Falo de alegria e de boas intenções. Não nos percamos nos caminhos da dor, ao contrário, é melhor que sigamos o caminho do amor.

Evelyne Furtado em 26 de fevereiro de 2008.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 27/02/2008
Código do texto: T877933
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