Galetos, Espelhos e Cinco Minutos.

Olho ao infinito, percebo perguntas que não quero saber, tenho respostas que não quero entender.

Só há em mim nesse instante a dualidade desumana e imaterial de um senso incompreensível ainda para muitos, e inclusive eu.

Perco-me nesse divagar filosófico como um cão que se delicia com sua TV vendo passar os galetos suculentos e esquece do gato atrevido que passa ao seu lado, ousando um miado insistente ao pé do ouvido.

Na verdade psicodélica da minha realidade, viajo nos sentidos do meu eu, penetrando nos profundos poros da alma. Voei pelos céus inócuos da paixão desmedida.

Navego em mim.

Experimento os sentidos. Degusto a mim. E abraçada a alguém, meus pensamentos são os mais diversos possíveis, mas não sei quais...

Engraçado isso...

Eu nem percebi o que pensei. Talvez nem tivesse importância. Ou tivesse... O que sei é que ousei pensar em tudo e não me deter em nada. Ousei filosofar sobre galetos, gatos e cachorros... E outras coisas sem importância. Joguei-me no destino. No meu próprio, na minha acidez insensata, e talvez imoral, mas que atinge ninguém além de mim.

E andei pelas ruas dos meus sonhos. Ousei beijar a dualidade.

Vivi intensos momentos comigo.

Interessante isso. Já havia vivido momentos compartilhados com alguém, mas dessa vez fui extremamente egoísta!

Solidariamente egoísta!

E o resto?!

Que se exploda!

Ou...

Sei lá...

No resto nem pensei. Naquele momento o que era mais importante, eram os meus pensamentos, abstratos e perdidos, inócuos e egoístas.

E no fim desses cinco minutos que estava abraçada com alguém, olhei profundamente para aqueles olhos pretos e caí na realidade... Esse alguém era alguém que amava tão profundamente e percebi naquele instante: o espelho refletia.

Priscilia Nascimento
Enviado por Priscilia Nascimento em 27/12/2005
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