OS PÁSSAROS NA MINHA CASA

Ao acordar ouço os pássaros cantar e da varanda do meu quarto vejo o pardal, o sanhaço, a sabiá.

Tem também bem–te-vi e colibri. Um, no calor, se banha na piscina e o outro não se cansa de beijar as flores do jardim.

E os pavões que crio só para enfeitar? Ah! Estes na época de acasalamento não se cansam de gritar. Grito estranho. Ora parece lamento, ora um chamamento: "aneeeeeel"!

E não tem hora não. É de manhã, à tarde, o dia todo. Até de madrugada. Tem vezes que chega a incomodar.

Minha mulher adora acordar com os pássaros cantando, especialmente com o trinar do canário belga, engaiolado bem defronte ao nosso quarto. Eu também gosto, mas prefiro observar o beija-flor retirar o néctar das flores.

São muitos os pássaros que habitam ou transitam lá por casa: bandos de periquitos passam voando alto e fazendo barulho no final das tardes; o tiziu, com sua plumagem negra-azulada e seu estranho canto curto - “tiziu” – e o simultâneo pulo vertical; as rolinhas, sempre se aproveitando da ração dos pavões, e os quero-queros, pastando no gramado, também são presenças constantes lá em casa. Já vi até tucano, mas só de passagem.

Há muito não vejo os biquinho-de-lacre. Talvez porque tenham roçado o capim navalha, que crescia no terreno ao lado, de cujas sementes eles se alimentavam. Sinto a falta deles.

Sinto falta, igualmente, das corujas e seus piados noturnos. Sumiram depois que minha mulher mandou colocar uma tela na chaminé da lareira, onde elas faziam ninho. Também pudera, volta e meia uma descia chaminé abaixo e fazia a maior sujeira na sala, além do trabalho que dava para botá-las de casa pra fora.

Qualquer dia vou compor versos só com nome de pássaros. Será minha homenagem e agradecimento a eles, pela beleza, alegria e sonoridade que emprestam à minha casa, além do agradável despertar que proporcionam à minha esposa.

Hegler Horta
Enviado por Hegler Horta em 28/12/2005
Código do texto: T91224