Temporada de Gripe

O dia amanheceu feliz, o sol sorria e cantava um samba frenético, fazendo danças todas as calçadas e nuvens. Era um novo dia, o que iria acontecer?...

O que todo mundo quer é que todos queiram a mesma que você quer! Que todos desejem exatamente o que você deseja. Que todas as mentes sejam como a sua. Que todas as idéias, gostos e objetivos sejam iguais aos seus. “Será que é tão difícil entender que isso é o que há de melhor? Que não há mais nada tão interessante e certo?” Assim, talvez, pense você, e também outro e outro. Porém, embora, contudo, todavia e entretanto, é uma questão de personalidade. Todos somos livres (!), em todos os aspectos, podemos pensar o que quiser, expressar nem tanto, realizar menos ainda. Cada qual tem sua ideologia, sua razão, porque tem sua personalidade, e nenhuma é igual a outra (que maravilha). Ninguém pode obrigar ninguém a ser uma cópia perfeita de si, já que Hitler morreu, a Lei Áurea já foi assinada e está em prática, a ditadura militar já acabou faz tempo, e a droga da obediência não existe. E como seria tedioso se todos fossem iguais? Obviamente não conheceríamos as diferenças, e as palavras e os gostos... Não existiria felicidade, nem tristeza e nem amor: como amar alguma igual a si mesmo? As diferenças é que nos completam!

Alguém quer casar, alguém quer o divórcio, alguém ser aceito, alguém quer ser expulso, alguém quer comer, alguém quer vomitar, alguém quer parar, alguém prefere continuar, alguém vai abrir, alguém já fechou, alguém precisa lembrar, alguém já esqueceu.

Cada caso e um caso, e cada caso é um conto, em cada conto se aumenta um ponto porque: adoramos uma boa fofoca, adoramos imaginar o antes e o depois, adoramos saber mais detalhes, adoramos ter a ciência da vida alheia, já que com a vida alheia não precisamos conseguir soluções, somos expectadores do circo e teatro do próximo, sem precisar torcer por final feliz, apenas assistir e aplaudir.

Personalidade por personalidade: Qual é seu combustível de vida? O que lhe move para sorrir? O que faz seu coração apertar, sua respiração estacionar segundos de euforia? Existe sempre algo muito particular, uma minúcia muito involuntária que lhe move. É uma música, uma frase, um desenho, uma figura, uma pessoa, um pensamento. Seja o que for, você precisa sentir, pra sentir uma nova sensação sensacional e ver que seu dia pode ser diferente, que pode ser melhor, basta este toque peculiar de um combustível particular.

...Era uma vez a família Dandantuban, e eram felizes, e viviam fartos de todas as boas coisas, porém uma vez o patriarca da família ficou gripado. O maldito ‘influenza’ lhe beijou longamente , e lá estava ele como nunca estivera, como nunca tinham visto, ficaram tristes, arrasados com a doença do senhor, e queriam mudar tudo completamente, porque não queriam mais nada...

Quem pode prever as coisas? Quem sabia do Brasil na Copa? Quem sabia do terremoto assustador? Quem sabia da menina jogada pela janela? Quem sabia do avião em declínio no centro da cidade? Quem sabia de Ayrton Senna ou de todos os Judeus? Quem sabia dos grandes crimes “insolucionáveis”? Qem sabia de seus próprios parentes e amigos?

Ninguém prevê nada, ninguém sabe do amanhã, e muitas vezes é isso que nos move. Nós desejamos algo daqui a 15 segundos, 15 minutos, 15 dias, mas nada, nada nos dá certeza que assim será. É adrenalina pura não ter a mínima noção do amanhã e saber que tudo pode acontecer, e que exatamente por isso, a vida é feita de altos e baixos, de tempestades e calores escaldantes, de coisas ruins, horríveis, horribilíssimas. E boas, maravilhosas, magníficas! E não 6emos de estar preparado, porque ninguém prevê, então não há como se preocupar. É tudo novo, inesperado, e coisas ruins acontecem, e acontecem porque virão as coisas boas em seguida, mesmo que depois das coisas boas voltem a acontecer coisas ruins. É assim mesmo, adrenalina pura!

... Era isso: A família Dandantuban não conhecia coisas ruins em suas vidas. Estavam somente acostumados ao demasiado bem, e a doença do patriarca os transformou (porque as pessoas se transformam quando você mexe com algo que eles amam!), porém tempo depois a gripe passou, todo o escorrimento de nariz, dores no corpo, congestionamento e mal estar passados ele voltou a ser como antes: sorridente, alegre, bem! Eles aprenderam então que dali pra frente poderia acontecer outra vez, porque aquelas coisas aconteciam na vida de qualquer pessoa. E anoiteceu feliz, a lua mandava beijos e cantava um pop ‘caliente’, fazendo requebrar todas as árvores e estrelas. Era uma nova noite, o que iria acontecer?

Douglas Tedesco – 12.05.2008

Douglas Tedesco
Enviado por Douglas Tedesco em 13/05/2008
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