ROUPAGEM DA INTUIÇÃO

Causa-me surpresa que escrevas direto, ao curso da inspiração, sem a consecução do segundo momento de criação: a transpiração. Tudo para poderes "sentir os versos" e tornar o poema, ao menos neste primeiro momento, o resultado de uma certa “finalização” preliminar. Acho que, tal como eu, concebes a criação poética como resultado de 10% (se tanto) de inspiração e 90% de transpiração, ao menos para instigar ao pensar àquele que necessita de uma formulação matemática, e somente para argumentar, levar ao estudo da concepção original. Portanto, a criação poética consubstancia-se em dois momentos: o primeiro, permeado pela emoção, e o segundo, no qual prepondera a intelecção. Nos dois terá de predominar um elemento que só o talento espiritual imagético poderá despender ou aquinhoar: o campo misterioso da INTUIÇÃO. Sem esta, nada feito para se chegar ao poema com Poesia. É esta a centelha original, aquela da qual tudo se desdobrará. Em todo o poema e em qualquer temática a ser abordada.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014.

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