A NATUREZA FORMAL DO POEMA

“Agradam-me muito os seus textos. Como dizia Jorge Amado: "O homem não necessita só de pão, o homem necessita de beleza". A Poesia embeleza a vida. Bendita seja! Um grande abraço. Observação: Quanta modéstia, Dr. Moncks, no comentário de "Diasíncrofo", do Poeta Plácido Pensar...”.

– Lucia Armenio Leal, em 28/04/2014 15h10min.

Obrigado, estimada confreira, pelo teu comentário ao pé de O ANJO TORTO, publicado em http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/4600151 . Quero homenagear-te, retribuir, enfim, e escolhi teu último texto qualificado como “Poesia”, segundo o errôneo critério do site; diga-se de passagem, desde a sua criação. O que temos, tecnicamente, é um poema, que é a apresentação material desta espécie de Poética, segundo a corrente dominante nesta área, com a qual, teoricamente, estou afinado. Não se deve confundir o gênero (POESIA) com o espécime (POEMA). O Recanto está equivocado desde a sua criação, na origem, e denomina o que é poema como Poesia, o que é vernácula e teoricamente incorreto. Lembra-me a primeira professora, no primário, hoje, fundamental, quando dizia: Joaquinzinho, diz uma "Poesia", e daí sobrevém o vício de origem. Tal ocorre até hoje nas escolas, em geral. E, para que o gênero Poesia se caracterize temos de constatar, no poema, a ocorrência de figuras de linguagem, especialmente as METÁFORAS. Neste "pretenso" poema, não ocorrem tais figuras de estilo, especialmente a "subversão da palavra em seu sentido original", que é como se poderia, a priori, definir a metáfora, que é rainha da linguagem, ornando o escrito com o sentido CONOTATIVO, fugindo do lugar comum: o DENOTATIVO. Sem esta ocorrência no poema, não se há a falar em verso com Poesia, nem Prosa Poética, porque, numa e noutra, é fácil de se notar: no poema com Poesia, a metáfora é PROFUNDA, VERTICAL ou POLIVALENTE, na Prosa Poética a codificação verbal, mesmo que caracterizada pelo sentido conotativo é meramente superficial, horizontal ou MONOVALENTE, como expõe Massaud Moisés, em "A Criação Literária". Então, no meu inferior modo de ver, o que temos aqui, formalmente? Parece-me que temos uma croniqueta, que é como se costuma taxar a pequena crônica, com alguns laivos reflexivos, e que nem por isso deixa de ser catalogada na modalidade prosaica rasa. E então, por que escrever em versos o que não pertence à modalidade Poesia?

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014.

http://www.recantodasletras.com.br/tutoriais/4896901