( Futebol) Um clássico sem vencedores

Quem duvida que a maioria dos brasileirinhos faça qualquer coisa para ter uma bola nos pés?

Quem nunca viu um grupo de meninos, atualmente meninas também, jogando bola num terreno baldio, fazendo travas com os chinelos, ralando os joelhos, falando palavrões, ainda que sem intenção de atingir o amigo, mas sim o adversário e vibrando com o gol?

Pois é, sem dúvida todos sabem que futebol está no sangue e na alma da maioria dos brasileiros, digo maioria porque sempre tem aqueles que detestam. Detesta que o filho joga, detesta que aja torcida em casa e detesta mais ainda que algum membro da família ocupe a maior parte do tempo da televisão em canais de esporte, principalmente o futebol. Mas, diante de um público tão grande, às vezes lutar contra, é suicídio. Depois do carnaval, o futebol em época de campeonato mundial, é o único evento que lojas param de vender, escolas param de ensinar e se duvidar, médico para de medicar. Arrisco dizer que quando o mestre Raul Seixas compôs a música “O dia em que a terra parou”, era um dia de uma boa partida de futebol. Um clássico, como dizem os entendidos da bola. Mas, brincadeiras à parte, não temos como ignorar esta paixão. Uma paixão geralmente alimentada desde os primeiros anos de vida. Basta ver no comércio de produtos afins, até chupetas já vem com o símbolo do time do coração do pai ou da mãe, é claro que uma vez ou outra, acontece um desvio de conduta, e o filho torna-se torcedor adversário. Mas, geralmente a tática funciona. Se nossas crianças recebessem o mesmo incentivo para a leitura, talvez tivessem frequentadores de estádios de futebol menos alienados. Nada contra o futebol em si, até gosto muito, admiro as técnicas de jogadas, os passes, os dribles, a arte futebolística. Mas tudo que vem a se tornar mais importante do que a própria vida funcionará como arma letal.

O que antes era motivo de alegria para muitos, virou dor, desespero, tristeza profunda e perdas sem reparação. Quando se anuncia o espetacular dia de clássicos, de espetáculo não tem nada. Temos em campo vinte e dois jogadores defendendo salários astronômicos, torcidas rivais intolerantes que desconhecem o verdadeiro sentido da palavra jogo e milhares de famílias apreensivas rezando para que aja retorno dos seus filhos para casa.

É muito triste constatar que o futebol deixou de ser uma paixão nacional para ser um cancro nacional. A paixão virou fanatismo, doença perigosa que mata e morre sem dar tempo para assistir a partida final.

Cada clássico anunciado traz consigo o peso de uma batalha sem vencedores.

PS: Ofereça a seu filho a educação necessária para que mais tarde saiba fazer as suas escolhas.