Homilia na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus - 2013

Amados irmãos e irmãos,

Sagrado Coração de Jesus, eu confio em vós.

01.Nesta Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebrada dentro da nossa festividade anual da Paróquia Co-Catedral, a Palavra de Deus nos convida a que deixemos que Deus cuide de nós, pois somos suas ovelhas e muitas vezes na condição da ovelhas perdidas que Jesus quer salvar. São Paulo nos confirma com sua palavra e nos recorda que Jesus morreu por nós quando éramos ímpios e, graças a misericórdia fomos justificados pelo Sangue de Cristo. Este é o sentido da Solenidade de hoje, Jesus nos salvou e nos amou com seu Sacrossanto Coração.

02.Jesus cuida das ovelhas, especialmente daquelas que mais carece de cuidados. Na Igreja, o Sacerdote (bispo e padre), representa Jesus e toma sobre si a missão de cuidara das ovelhas, participando de suas alegrias e tristezas, conduzindo-as aos bons pastos seguros, longe de qualquer perigo que coloque em risco sua vida.

03.A missão do sacerdote é tão importante e necessária na Igreja e na sociedade. Mas o padre sozinho faz pouco, é preciso da ajuda da comunidade, sobretudo com as orações dos fiéis. Hoje a Igreja pede que rezemos pelos nossos sacerdotes (bispos e padres) para que sejam santos. Por isso o dia de hoje é denominado de Dia Mundial de Oração pela Santificação do Clero. O Papa Francisco disse há pouco tempo que os Bispos e os Sacerdotes precisam ter o cheiro das ovelhas, ou seja, estar junto a elas para acudi-las nos momentos de apuros ou quando se sentem ameaçadas pelo lobo que aproxima para devorá-las. Para que isso aconteça, rezem muito por nós, pastores pobres, limitados, pecadores e cheios de misérias.

04.O lobo de nossos tempos é o materialismo, a descrença, o apego às coisas passageiras, o consumismo, o desleixo com as coisas de Deus, o fazer o que bem quer, os vícios, as drogas, o uso do sexo sem amor e compromisso, a cultura gay, a cultura da morte, as seitas pentecostais e orientais, o ateísmo e a indiferença diante de Deus, etc.

05.Na verdade, os pastores e as ovelhas precisam ter suas vidas conduzidas pela fé em Jesus, Sumo e Eterno Pastor de nossas almas, para evitar que os lobos dos tempos atuais nos atinjam. A fé é o nosso escudo, a nossa proteção.

06.Estamos no ano da fé, é preciso crescer na fé, como nos pediu o Papa Emérito, Bento XVI. O Ano da fé representa, portanto, um convite à conversão a Jesus único Salvador do mundo. A fé que recebemos no batismo nos dará a vida eterna.

07.“A íntima amizade com Jesus, do qual tudo depende, ” trata-se do encontro pessoal com Ele. Encontro de cada um de nós e de cada um dos nossos irmãos e irmãs na fé, a quem servimos com o nosso ministério.

08.Encontrar Jesus, como os primeiros discípulos – André, Pedro, João – como a samaritana ou como Nicodemos; acolhê-lo na própria casa como Marta e Maria; escutá-lo lendo muitas vezes o Evangelho; com a graça do Espírito Santo, este é o caminho seguro para crescer na fé. Como escreveu o Servo de Deus Paulo VI: “A fé é o caminho através do qual a verdade divina entra na alma” (Ensinamentos, IV, p. 919).

09.Jesus nos convida a sentir que somos filhos e amigos de Deus: “Eu chamo vocês de amigos, porque eu comuniquei a vocês tudo o que ouvi de meu Pai. Não foram vocês que me escolheram, mas fui eu que escolhi vocês. Eu os destinei para ir e dar fruto, e para que o seu fruto permaneça. O Pai dará a vocês qualquer coisa que vocês pedirem em meu nome.” (Jo 15,15-16).

10. Um dos meios para crescermos na fé é Eucaristia. Na Eucaristia, atualiza-se o mistério do sacrifício da Cruz. A celebração litúrgica da Santa Missa é um encontro com Jesus que se oferece como vítima por nós e nos transforma n’Ele. Se a liturgia eucarística é celebrada com grande fé e devoção, os frutos são assegurados.

11.Um outro sacramento que nos faz recordar o Coração Misericordioso de Jesus é a Santa Confissão. Se a Eucaristia é o Sacramento que edifica a imagem do Filho de Deus em nós, a Confissão Sacramental ou Reconciliação é aquilo que nos faz experimentar a força da misericórdia divina, que libera a alma dos pecados e a faz saborear a beleza do retorno a Deus, verdadeiro Pai apaixonado por cada um de seus filhos. Por isso, o sagrado ministro em primeira pessoa deve estar convencido de que “só se nos comportarmos como filhos de Deus, sem nos desencorajarmos por causa das nossas quedas e dos nossos pecados, sentindo-nos amados por Ele, a nossa vida será nova, animada pela serenidade e pela alegria. Deus é a nossa força! Deus é a nossa esperança!” (Papa Francisco, Audiência geral de 10 de abril de 2013).

12.A partir dessa presença misericordiosa, o sacerdote deve ser ele mesmo sacramento no mundo: “Jesus não tem uma casa porque a sua casa é o povo, somos nós, a sua missão consiste em abrir as portas de Deus para todos, em ser a presença de amor de Deus” (Idem,Audiência geral de 27 de março de 2013). Não podemos, portanto, enterrar esse maravilhoso dom sobrenatural, nem distribuí-lo sem ter os mesmos sentimentos d’Ele, que amou os pecadores até o auge da Cruz. Neste sacramento, o Pai nos doa uma ocasião única para ser, não só espiritualmente, mas nós mesmos, com nossa própria humanidade, a mão suave que, como o Bom Samaritano, derrama o óleo que dá alívio às chagas da alma (Lc 10, 34).

13.O sacramento da Reconciliação é, portanto, também o sacramento da alegria: “Quando ainda estava longe, o pai o avistou, e teve compaixão, saiu correndo, o abraçou, e o cobriu de beijos. Então o filho disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço que me chamem teu filho’. Mas o pai disse aos empregados: ‘Depressa, tragam a melhor túnica para vestir meu filho. E coloquem um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Peguem o novilho gordo e o matem. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto, e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado’. E começaram a festa” (Lc 15,11-24).

14.“Cada vez que nos confessamos, encontramos a alegria de estar com Deus, porque experimentamos a sua misericórdia, talvez tantas vezes quando manifestamos ao Senhor as nossas faltas devido à indiferença e a mediocridade. Assim se reforça a nossa fé de pecadores que amam Jesus e são amados por Ele: “Quando alguém é convocado pelo juiz ou tem uma causa, a primeira coisa que faz é procurar um advogado para que o defenda. Nós temos um, que nos defende sempre, defende-nos das insídias do diabo, defende-nos de nós mesmos e dos nossos pecados! Caríssimos irmãos e irmãs, temos este advogado: não tenhamos medo de o procurar para pedir perdão, para pedir a bênção, para pedir misericórdia! Ele perdoa-nos sempre, é o nosso advogado: defende-nos sempre! Não esqueçais isto!” (Papa Francisco, Audiência geral de 17 de abril de 2013).

15.Na Santa Missa que o Papa Francisco celebrou hoje pela manhã na Casa Santa Marta, na sua homilia, indicou-nos palavras bonitas e sugestivas, disse ele: “Ternura! O Senhor nos ama com ternura. O Senhor conhece aquela bela ciência dos carinhos, a ternura. Não nos ama com as palavras. Ele se aproxima e nos dá o amor com ternura. Proximidade e ternura! E este é um amor forte, porque nos faz ver a fortaleza do amor de Deus”.

16.Francisco explicou ainda que este amor deve fazer-se próximo do outro, deve ser como o do bom samaritano. Ele concluiu dizendo que mais difícil que amar a Deus é deixar-se amar por Ele e que a maneira de retribuir tanto amor é abrir o coração e deixar-se amar.

17.“Deixar que Ele se faça próximo a nós, deixar que ele nos acaricie. É tão difícil deixar-nos amar por Ele. Talvez isso é o que devemos pedir hoje na Missa: ‘Senhor, eu quero amá-Lo, mas me ensine a difícil ciência, o difícil hábito de deixar-nos amar, de senti-Lo próximo e tenro!’. Que o Senhor no dê esta graça!”, disse o Papa.

Adair José Guimarães
Enviado por Adair José Guimarães em 07/06/2013
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