Homilia na Ordenação Diaconal do Bruno Martins

Dom Adair José Guimarães

Homilia na Ordenação Diaconal do Bruno Martins

Rubiataba – Go. 13/12/2015

Amados irmãos e irmãs,

O Senhor Jesus nos convida a amar e a servir.

01.Neste Domingo da alegria, nossa Diocese vive a graça da Ordenação Diaconal do Seminarista Bruno dos Santos Martins. Uma alegria que alcança os corações de seus familiares, dos sacerdotes que o acompanharam na formação e na pastoral, dos seminaristas, dos amigos do ordinando, da nossa comunidade de Rubiataba onde o Bruno doou sua vida neste ano e meio. Enfim, uma alegria especial para o ordinando que solicitou com espírito de fé a ordenação ao Bispo Diocesano, seu grande sonho.

02.Foram dois anos de preparação, sofrimentos e provações, orações, esperanças, medos e apreensões. Tudo foi sendo colocado no altar do amor de Nosso Senhor da parte do ordinando, da parte de quem lhe acompanhou e da parte do Bispo e de tantos quantos intercederam para que fossem rompidos os véus interpostos entre a vontade de Deus e a dos homens.

03.Neste dia que lembramos Santa Luzia, somos chamados a olhar com o encanto do Advento, para nós mesmos, nossas cegueiras e obscuridades que nos impedem ver com os olhos da fé a luz sobrenatural do Menino Deus que vai chegar. Que belo momento este! Saber que o Mistério de Cristo que chega no natal continua em nossas vidas através de homens que são separados para viver a servidão às coisas do alto no Sacramento da Ordem. É momento de júbilo neste tempo de jubileu diocesano.

04.O Profeta Sofonias nos confirma de sobra nossa alegria com a primeira leitura de hoje: “Canta de alegria, cidade de Sião; rejubila, povo de Israel! Alegra-te e exulta de todo o coração, cidade de Jerusalém! O Senhor revogou a sentença contra ti, afastou teus inimigos; o rei de Israel é o Senhor, ele está no meio de ti, nunca mais temerás o mal”. O Apóstolo Paulo completa a bênção desta noite com a segunda leitura: “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos. Que a vossa bondade seja conhecida de todos os homens! O Senhor está próximo! Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças”.

05.Este tempo de alegria é também de compromisso com a preparação da chegada de Deus entre nós. Afinal, somos cristãos e nossa vida não deve se configurar à vida dos pagãos. No Evangelho desta liturgia o Profeta João Batista nos exorta como devemos preparar para a vida de Cristo: “'Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!' 'Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário!' Quanto ao Messias esperado, o Profeta era claro ao dizer que Ele virá com a pá na mão: vai limpar sua eira e recolher o trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga”.

06.Oxalá os corruptos da nossa República Brasileira, os que matam e roubam, os desonestos, os traficantes, os assaltantes, os mentirosos, os caluniadores, os claudicadores, os imundos e todos que estão na calabouço do pecado e da vida pagã possam voltar a Deus, ao verdadeiro natal que requer o desprendimento e a busca da santidade mediante o arrependimento e a confissão.

07.Caro ordinando, Deus te chama a ajudar a salvar as pessoas das realidades mais medonhas da vida. Humanamente o Brasil e mesmo o mundo não tem mais jeito, parece que tudo está acabado, tudo está putrefato, fétido, morto, anarquizado, imundiçado, perdido e alquebrado. Há uma desilusão imensa na vida do povo e grande parte da nossa sociedade é pagã e desonesta, mentirosa e corrupta. Do ponto de vista da fé é possível mudar o Brasil e o mundo. Cristo veio para isso. O Diácono é um servidor de Cristo no meio deste mundo perdido e desolado. Só Cristo nos dá a verdadeira alegria. Quem não tem Jesus não tem nada. Sem a presença de Cristo e sua aceitação, o mundo chafurdará de vez no esgoto da hipocrisia, da mentira e da malandragem que corrói a vida das famílias. Quanta podridão na Republica Brasileira, que ambiente nauseante o de Brasília: a Câmara, o Senado e o Palácio do Planalto. Trata-se de um ambiente que veleja contra o povo e esmaga a sociedade com suas enormes pizzas, pois as CPIs e as investigações nem sempre rendem alguma condenação. Cadê o dinheiro roubado, desviado e saqueado. Será que voltará aos cofres do povo? Veremos!!!

08.O Catecismo da Igreja nos ensina que o Ministério do Diaconato que o Bruno receberá hoje é algo sublime, que vem do Coração de Cristo através do Coração da Igreja. “No grau inferior da hierarquia encontram-se os diáconos. São-lhes impostas as mãos "não para o sacerdócio, mas para o serviço". Para a ordenação ao diaconato, só o Bispo impõe as mãos, significando assim que o diácono está especialmente ligado ao Bispo nas tarefas de sua "diaconia"(CIC 1569). “A graça sacramental lhes concede a força necessária para servir ao povo de Deus na 'diaconia' da liturgia, da palavra e da caridade, em comunhão com o Bispo e seu presbitério" (CIC 1588).

09. Os diáconos participam de modo especial na missão e graça de Cristo. São marcados pelo sacramento da Ordem com um sinal ("caráter") que ninguém pode apagar e que os configura a Cristo, que se fez "diácono", isto é, servidor de todos. Cabe aos diáconos, entre outros serviços, assistir o Bispo e os padres na celebração dos divinos mistérios, sobretudo a Eucaristia, distribuir a Comunhão, assistir ao Matrimônio e abençoá-lo, proclamar o Evangelho e pregar, presidir os funerais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade” (1570). Também aos diáconos e reservada a tarefa de conferir o batismo às crianças, ou como a qualquer pessoa em perigo de morte.

10.Que todos reverenciem os diáconos como a Jesus Cristo, como também o Bispo, que é imagem do Pai, e os presbíteros como senado de Deus e imagem de Cristo: sem eles não se pode falar de Igreja.

11.Na celebração da ordenação devemos ter presente nosso espírito de piedade e amor ao grande Dom de Deus em Cristo por nós: a Igreja. “É a Igreja que nos ordena e nos envia. O rito essencial do sacramento da Ordem consta, para os três graus, da imposição das mãos pelo Bispo sobre a cabeça do ordenando e da oração consagratória específica, que pede a Deus a efusão do Espírito Santo e de seus dons apropriados ao ministério para o qual o candidato é ordenado” (1573).

12.O diácono é um clérigo, por isso faz parte do clero. Algumas obrigações são imputadas aos que recebem a ordem do Diaconato como solteiros ou em via da ordenação sacerdotal: guardar com solicitude o dom do celibato por amor ao Reino de Deus; recitar a oração da Liturgia das Horas e ser disponível ao serviço dos irmãos, sendo um colaborador do Bispo e dos presbíteros na liturgia como já vimos. O Diácono não pode temer o mundo ou se misturar a ele, precisa, sim, ser profeta da esperança e da salvação em Cristo. Daí a importância do diácono, bem como todo o clero se portar como clérigo, usando seu distintivo canônico, a saber: a batina ou o colarinho clerical. É o nosso hábito que, longe de se distanciar do povo, o clérigo que se apresenta como tal, desperta as pessoas para o sobrenatural e para a eternidade. O povo tem direito de identificar pelo distintivo os que foram ordenados para o serviço de Deus. O clérigo, diácono ou sacerdote, não pode se esconder atrás de roupas da moda ou de grife, mas se apresentar com seu hábito, não para se engrandecer, mas para apontar para Deus.

13.A Igreja vive no mundo, mas não é do mundo, e o mundo está em crise, cada vez mais mergulhado na pocilga do pecado. Esse marasmo de pecado e desobediência causa muita dor na vida das pessoas. Vemos cada vez mais um número sem fim de pessoas sofridas, machucadas e feridas pelo flagelo do chicote do mundo. A Igreja sempre foi a boa hospedaria que abrigou o samaritano de ontem e os machucados de hoje. O ministro de Deus deve se comportar como um homem que nunca aparta da união com Cristo. Não é possível ascender uma vela para Deus e outra para o diabo. É inegável uma crise no clero de nossos tempos. Crise esta marcada pelo afastamento do essencial e pela acolhida do acidental e permissivo. De onde vem as heresias, a frieza da fé, a falta de unidade e comunhão com o bispo e com os colegas? Do clero!!! Daí precisar a Igreja intensificar as orações pelo clero, sobretudo por aqueles que estão absortos nas ideias relativistas e petistas.

14.O diácono ou sacerdote deve viver seu ministério com integridade, alegria, solicitude e muito amor. Não somos alguém que necessita de palco e de fama para ser feliz no nosso ministério. O padre é para fazer Cristo aparecer e não os seus caprichos pessoais, seus modismos e fama para atrair plateia e dinheiro. O sacerdote deve ser pobre, despojado e contente com o necessário. O Papa Francisco tem chamado a atenção dos pastores da Igreja para a fidelidade ao ideal do chamado como homens pobres, castos e obedientes.

15.A Igreja espera de ti, Bruno, um homem iluminado pelos grandes valores do Reino. Que o seu ministério seja um consumir constante pelos pequenos e pelos pobres. No passado tínhamos as colônias de leprosos que vagavam pelo mundo, carcomidos no corpo pelo mal tremendo da hanseníase; os leprosos de hoje são os dependentes da droga, do sexo, do consumo e da tristeza da depressão . Há um número sem fim de leprosos modernos, meu caro ordinando, que necessita da sua oração e da sua benevolência pastoral para ser reerguido da solidão ocasionada pelo pecado e pelo desprezo de si mesmos.

16.O padre de hoje é também chamado a lutar contra o ateísmo que está em toda parte. Crianças já dizem nas escolas que não acreditam mais em Deus. Professores nas escolas e faculdades com prazer tentam arrancar Deus do coração dos alunos. Esses mestres da suspeita tiram o bem mais precioso da vida de nossos alunos, mas não tem nada a oferecer em troca. Ao infiltrar o ateísmo na vida de nossos jovens, roubam-lhe a esperança. Enfim, tentam matar Deus sem antes saber que por negarem a graça de serem por Ele criados, já estão mortos.

17.Consagro, caro Bruno, sua vida a Nossa Senhora neste dia do seu inesquecível diaconato. Peço a ela que interceda por ti para que nunca perca o amor pelo Sacrário, pelo Confessionário e pelo Rosário, as armas de amor que nos sustentam no ministério. Deus seja louvado pelo dom de sua vida e pela vida de seus pais que te geraram para a Igreja e pelos demais de sua amada família que te acompanham com as orações e o incentivo. Que a Santíssima Virgem da Glória, a excelsa padroeira desta Diocese interceda por ti, pelas pessoas que irão ajudar-te no caminho de Deus e por todos nós aqui presentes, amém!

Adair José Guimarães
Enviado por Adair José Guimarães em 01/01/2016
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