A opressão psicológica na era das redes sociais

A essência substituída pela aparência.

Em um curto espaço de tempo o mundo transformou-se de maneira significativa, o modo de vida das pessoas passou a ser bem diferente do que há poucos anos atrás. Muitas gerações experimentaram simultaneamente as novidades trazidas pelas novas tecnologias.

A forma de ver, pensar, se comunicar e agir, passou por grandes transformações em curto espaço de tempo. A noção de tempo que se tem hoje, é absolutamente diversa da que tínhamos a poucos anos atrás. Vivemos a era do imediatismo, poucos segundos demorados para receber uma resposta já é muito tempo, quando num passado não tão distante, a resposta de uma carta, por exemplo, levava muitos meses.

As notícias chegam em tempo real, de qualquer parte do mundo, basta acontecer o fato, que milhões de pessoas já tomam conhecimento. A disseminação de informações é instantânea. A comunicação ocorre na velocidade da luz. Isso porque, milhões de pessoas mundo a fora, estão conectadas entre si através das redes sociais, basta um click, um compartilhamento, para que um texto como este, chegue a milhões de pessoas em poucos segundos.

Até aqui nenhuma novidade. Mas o que cumpre mesmo destacar, é que juntamente com essas mudanças, passamos a viver também na era da depressão, da ansiedade, das várias formas e tipos de síndromes. O número de suicídios é assustador, principalmente entre jovens e até mesmo crianças. Não devemos negar que vivemos numa sociedade doente, cercada de tecnologias.

Parece que as pessoas perderam a essência real da vida. Parece que nada mais satisfaz o ser humano. Afinal de contas, a era das redes sociais, é também a era das aparências, de vidas que se demonstram perfeitas na web, mas que na realidade não cheias do vazio. Quem não viaja, come em restaurantes caros, ou possui uma “família perfeita” para exibir nas redes sociais, parece que está por fora, não está no topo, não segue a onda e não é bem sucedido.

Mas a era da aparência, é também a era do assédio, da publicidade sem limites, da conquista do consumidor a todo custo. Todos os dias as pessoas são bombardeadas com novas propagandas de carros, celulares e outros. O celular comprado hoje, amanhã já se tornou obsoleto, mesmo que o novo lançamento altere pouca coisa do antigo. As pessoas não dão conta de acompanhar o consumismo absurdo dos tempos atuais.

O ser humano foi colocado em segundo plano, sabe por quem? pela própria sociedade. Hoje já não importa mais os pequenos prazeres da vida, aqueles que não custam nada, como dormir ouvindo o barulho da chuva sobre o telhado, sentir o cheiro de terra molhada, caminhar a beira de um lago, ou num parque, pelos simples prazer de estar em contato com a natureza.

O que conta hoje, é poder frequentar lugares bons o suficiente para render boas fotos para as redes sociais, e obter um número grande de likes. Afinal, se não fizer isso, dá a entender que sua vida não é interessante o suficiente, como o daquele que passa o tempo todo mostrando aos outros como sua vida é incrível.

A sociedade emburreceu. Quem foi que disse que uma curtida numa foto representa algo tão importante assim? Ou que muitas curtidas representam muito na vida de alguém? Por que é que passamos a viver para os outros, e não para nós mesmos? Quais são os seus valores? O que de fato te faz sorrir e alegra sua vida?

A era da tecnologia, das redes sociais, deve ser vivida em nosso favor, e não contra nós mesmos. Aproveitar as oportunidades tecnológicas de maneira inteligente e humana, para promover o bem, a autoestima das pessoas, e não para torna-las deprimidas, ansiosas, viciadas.

Não é possível ser contra a nova forma de vida, que os novos tempos trouxeram, mas devemos aproveitar tudo isso, para nos tornar pessoas melhores para um mundo melhor. Tenha seu perfil nas redes sociais, compartilhe alguns momentos da sua vida on line, mas tenha também seu perfil na vida real, aquele onde está a sua essência de ser humano, de ser pessoa. A felicidade real acontece nos bastidores da vida, onde poucos podem ver e você nunca vai conseguir tirar uma selfie, pois são aqueles momentos mais simples, mas, onde o seu coração bateu mais forte, você sentiu toda sua humanidade aflorando e descobriu o porque você veio a este mundo.

Finalmente, crie em você uma autoestima sólida, um amor próprio verdadeiro, pois são eles que te darão paz e tranquilidade no decorrer da vida. Não perca nunca sua essência, mesmo na época da aparência, esteja nas redes sociais, mas não se esqueça também de estar presente, de corpo e alma em todos os lugares onde estiver. Onde quer que você se encontre, seja a luz que aquele ambiente precisa, e lembre-se sempre, que você pode ser o espelho e a inspiração que muitos estão buscando.

Arildo Avanzo
Enviado por Arildo Avanzo em 01/09/2017
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