Iraque e Coréia do Norte, o paradoxo das WMD

WMD = Weapons of mass destruction = Armas de destruição em massa.

Quem se recorda da invasão do Iraque pelos EUA, em 2003, após as Guerras do Golfo, sabe que a justificativa de George W. Bush para a guerra eram as "evidências" de que Saddam Hussein contava com um arsenal de armas de destruição em massa, fruto de informações do Serviço Secreto e espionagem. Com a invasão, que perdurou por anos, ficou claro que tais armas não existiam. Militarmente o Iraque estava arrasado após a longa guerra contra o Irã, e os mortíferos ataques aéreos que se iniciaram com a Operação Desert Storm e invasões subsequentes.

Deixemos para outro dia a contextualização daquele episódio. Hoje me interessa comparar aquele cenário com a atual ameaça nuclear de Kim Jong-un.

A Coréia do Norte efetivamente possui armas de destruição em massa, e faz questão de deixar isso claro. E não são "apenas" armas químicas e bacteriológicas (a acusação feita ao Iraque), mas a combinação de mísseis balísticos de curto, médio e longo alcance, cada vez mais eficazes, bombas atômicas e agora também termonucleares. Daí para a miniaturização do artefato nuclear a ponto de ser acoplável a ogivas é apenas um passo, possivelmente já dado.

Tendo em mente os dois casos, a pergunta óbvia é: "Se os EUA atacaram o Iraque por causa da suposta posse de armas de destruição em massa, por que, então, não atacam a Coréia do Norte, que não deixa dúvidas sobre a existência dessas armas, além da declarada e inequívoca intenção de utilizá-las contra os EUA e seus aliados?"

A única resposta que me ocorre, por paradoxal que pareça, é: Justamente porque a Coréia POSSUI armas de destruição em massa.

Passados 14 anos desde a invasão do Iraque que culminou com a execução de Saddam Hussein, comprovo duas impressões, uma é a motivação falaciosa que sustentou aquela invasão no cenário geopolítico internacional. A outra é a impressão de que o falecido Dr. Enéas Carneiro ('Meu nome é Enéeeeeeeeeeeeeeeas!!), por mais que se tratasse de um oligofrênico, tinha uma certa razão quando dizia que os

EUA "só respeitam quem tem a bomba". E "ter a bomba" não é meramente deter a tecnologia para detonar um protótipo. Ter a bomba, no sentido que aqui nos interessa, é justamente o que Kim Jong-un parece ter: a real capacidade de causar severas baixas em seus inimigos, mesmo que seja ao custo de um revide que potencialmente represente sua aniquilação.