Violências e Paixões

O Brasil é um país maravilhoso e potencialmente rico. Mas temos sombras terríveis. A violência e a intolerância em todos os níveis nem assustam mais como antes, de tão acostumados que estamos com o espantoso. Entretanto, há algo mais espantoso ainda que pode revelar muito sobre o comportamento humano na civilização. O momento tenso que estamos passando agora, e na última eleição presidencial passada também, me chama à atenção para o fato de a pauta discutida nos debates, nas redes sociais, sempre envolver a sexualidade humana. O que diria Freud dos candidatos preocupados com a multiplicidade e tão complexa sexualidade humana. Sim, que a sexualidade é um mistério todos nós já sabemos, mas se promover nacionalmente, tratando a questão de modo irresponsável e ganhar milhões de seguidores que repetem o mesmo discurso do candidato me parece algo muito infantil. O Brasil está sem uma figura paterna opressora que proteja seus filhos de conhecer a verdade: que somos dotados de uma energia criativa, múltipla e transgressora que está sempre retida, causando consequentemente o mal-estar social. Gênero e sexualidade está em pauta nas últimas décadas no mundo inteiro, ao passo que essa discussão causa medo e desconforto aqui. A filósofa Judith Butler foi ostensivamente humilhada no aeroporto pelos brasileiros que seguem o abominável homem das Trevas. Vergonha Internacional. Lá fora o mundo nos assiste e percebe o nível de ignorância e retrocesso em que estamos. Não é à toa termos um candidato que abomina os prazeres da alma. O ser humano busca prazeres; foram programados geneticamente para isso, e todos estão em mal-estar pela falta de prazer. Inclusive o candidato que pelas suas expressões faciais grotescas revelam a infantilidade e agressividade de quem só brincou de armas na infância. Não conheceu a literatura e as artes. Não voltaremos as cavernas, estamos habitando ainda as zonas obscuras do desconhecimento. Freud anunciou que se a civilização é mal-estar seríamos bem mais felizes se a abandonássemos e retrocedêssemos a condições primitivas. O medo é justamente este; mas este retrocesso se refere a uma liberdade da expressão da sexualidade que existia antes da civilização. (Não estou me referindo a atividade sexual, mas a sexualidade como impulso natural da espécie, livre de qualquer convenção). Se analisarmos bem todo o conteúdo discutindo nas mídias, veremos claramente a preocupação desconhecida e inconsciente, do tema principal da vida humana na Terra. A ameaça de uma comunidade humana torna-se e vir a ser livre pela expressão da sexualidade só poderá ser combatida com ARMAS. Portanto, os defensores das armas são pessoas inseguras da própria sexualidade, é a única justificativa mais plausível para mim. Pois me parece ter sido também a causa das grandes guerras.

Ricardo Neto de Oliveira Mota
Enviado por Ricardo Neto de Oliveira Mota em 30/09/2018
Código do texto: T6464035
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